Efeito auto-estrada

A cada auto-estrada construída, cidades perdem 18% da população


Um novo estudo desenvolvido e publicado nos Estados Unidos revela que a cada nova auto-estrada que se constrói perto de uma grande metrópole, a população dessa mesma cidade decresce 18%.

O estudo foi conduzido por Nathaniel Baum-Snow, professor de economia da Brown University, e diz que a construção de auto-estradas que liguem a cidade aos subúrbios – onde as pessoas podem comprar casas maiores a preços inferiores – está a deixar as cidades vazias.

O fenómeno não é novo – sabe-se, por exemplo, que Lisboa tem sentido na pele esta tendência – mas está a preocupar os governantes e economistas norte-americanos.

“Se o subúrbio A constrói uma auto-estrada para se conectar com o subúrbio B, isso vai afectar a distribuição as viagens automóveis não apenas entre estes dois pontos, mas em toda a região. Por isso, se alguém num subúrbio C consegue, através desta auto-estrada, chegar mais rapidamente ao trabalho, vai passar a utiliza-la e enche-la de trânsito”, explica Nathaniel Baum-Snow.

Mas há mais: “Um negócio que esteja situado na baixa de uma cidade também pode dizer: ‘hey, há uma nova infra-estrutura, vamos mudar-nos para ali e temos muito mais espaço para trabalhar, a preços inferiores’. Por isso sempre que uma parte da região muda alguma coisa, vai sempre afectar a população e emprego em toda a área metropolitana”, continua o responsável.

Por isso, tanto os trabalhadores e negócios, uma vez centralizados, estão assim mais aptos para mudarem-se e encontrarem uma nova localização perto dessa auto-estrada, onde há mais espaço e é menos caro viver ou manter um negócio.

Assim que negócios e trabalhadores deixam a cidade, inevitavelmente têm mais razões para também eles próprios mudarem-se para fora da cidade. Daí os 18% de redução de habitantes numa cidade sempre que uma nova auto-estrada norte-americana é construída. Faz sentido?

Todas estas mudança levam a que as pessoas que dantes viviam e trabalhavam na cidade, deslocando-se sobretudo de transportes públicos, tenham agora de utilizar o seu automóvel privado para viajar de casa para o local de trabalho, com a inevitável dependência perpétua dos carros.

Pode ler a entrevista do Planetize a Nathaniel Baum-Snow a partir deste link.

|carris|

Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Há bastante tempo escrevi aqui que a construção e operacionalidade das autoestradas tão dá para entrar como para sair. Pelos vistos as saídas sãp permanentes e dramáticas, sem permitir condições de desenvolvimento seja do que fôr. A permanente teimosia na sua concepção e construção tem de ter causas que ultrapassam a mera lógica associada a políticas de desenvolvimento que não só de crescimento.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
Paulo Rocha disse…
Dá que reflectir!