Vimos agora o presidente da Câmara do Porto muito zangado, porque no PEC a linha do TGV para o norte e Vigo foi adiada por dois anos, ao contrário da ligação Lisboa-Madrid. Só faltava que evocasse também o “efeito difusor” da obra para desviar mais verbas do interior do país, onde ainda há troços na linha da Beira Baixa em que não se pode andar a mais de 30 a 40 quilómetros/hora, enquanto os Alfa já circulam à média de cento e muitos quilómetros/hora.
É a manutenção da lógica centralista, quer nas decisões, quer nos investimentos. Esta lógica mantém-se graças ao modelo de governação que temos, e graças à inércia das regiões periféricas do país.
Paulo Rangel apareceu aqui a “malhar” nesta situação, mas fê-lo na altura que pede votos para ser eleito no seu partido. Se um dia estiver à frente do governo da nação, não sei, se a opinião continuará a ser a mesma, por aquilo que temos visto dos seus antecessores no poder, qualquer que seja o partido.
Fala-se na regionalização, mas também estou como dizem alguns: só se ela vier simplificar o poder central, pondo menos gente nos Ministérios em Lisboa, e distribuindo-os pelas diversas regiões. Se for para acrescentar “jobs for boys”, fiquem com ela na gaveta, porque dispensamo-la perfeitamente.
Quando “a manta é curta” não se pode puxar muita para a cabeça, sob risco de deixar os pés de fora; por aí pode entrar numa constipação que leve o corpo ao sofrimento e à morte… Respeitemos por isso os dinheiros vindos na UE no PIDAC, ou no QREN, apliquemo-los sem desvios naquilo para que foram criados os programas.
Agostinho Gonçalves Dias
Jornal Reconquista
Castelo Branco (Beira Interior), 18/03/2010
Comentários