A vergonhosa campanha do "Não" em 1998

A GRANDE BURLA CONTRA A REGIONALIZAÇÃO (*)



O desespero contra a regionalização por parte das actuais [de 1998] direcções do PPD/PSD e do PP/CDS tem levado estes partidos a uma campanha de mentiras, aproveitando-se da insuficiente informação existente sobre este assunto, para lançar as maiores falsidades sobre esta reforma tão necessária para o desenvolvimento de Portugal.

É uma burla o cartaz que o PPD/PSD afixou sobre o referendo da regionalização. Tendenciosamente nele se diz que vão haver mais (398) Deputados. A forma como está escrita esta frase tem uma intenção clara de enganar a opinião publica. Com a regionalização não vão haver mais Deputados como se pretende insinuar no cartaz, apenas vamos eleger os membros das Assembleias Regionais (designados por deputados regionais) que só receberão senhas de presença como já acontece com os actuais membros das Assembleias Municipais (designados por deputados municipais) e das Assembleias das Freguesias.


Nesse mesmo cartaz aparecem ainda frases como: mais (44) Governantes e mais (8) Presidentes. Também estas frases são elaboradas com a intenção de enganar as pessoas, pois trata-se apenas dos vogais e presidentes das Juntas Regionais. Mas o que mais indigna, é saber que o PPD/PSD foi o autor da lei (Lei Quadro das Regiões Administrativas - 1991) que prevê precisamente a criação e o número proporcional destes lugares para os órgãos a eleger nas futuras regiões.


Os eleitores que não sabem desta verdade, vão ficar certamente revoltados com tanta hipocrisia. O PPD/PSD que tanto "berrou" pela necessidade do referendo, com o argumento de que era necessário esclarecer o Povo, vem afinal fazendo uma campanha de desinformação e mentira. É eticamente reprovável e causa a maior indignação que o partido autor (PPD/PSD) da lei que criou estes cargos políticos, venha agora criticar a sua existência, fazendo crer que foram outros partidos os autores, com a agravante de deturpar o próprio significado desses cargos políticos que ele próprio decidiu criar. Com estas "burlas/espertezas" a política desacredita-se e a democracia sai desprestigiada.

(continua)

João Rui Gaspar de Almeida

(Deputado do PS eleito pelo Círculo de Coimbra)

(*) Artigo publicado no Diário de Coimbra, em 20/10/98


Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Não gostaria de enveredar pela vettente partidária da regionalização pela essência dos factores que a jutificam há mais de 300 anos, a saber:
(a) Atraso económico e cultural da nossa sociedade.
(b) Níveis de divergência crescente em relação às sociedades mais desenvolvidas
(c) Elites políticas cultural e politicamente fragilizadas, incoerentes, impreparadas e turnistas.
(d) Índice elevado de bacoquice e provincianismo (aqui, não se está a refrir em nada às províncias históricas ou regiões naturais, a estrutura territorial-base da regionalziação).
(e) Degeneração da produção nacional ou própria e consequente aumento e persistência dos elevados níveis de endividamento.
(f) Completa ociosidade dos recursos produtivos endógenos, a apodrecer tanto ao nível do solo (as populações) como ao nível do subsolo (os recursos materiais).
Estes factores de influência negativa em qualquer sociedade determina a fixação de altos designios nacionais ou pátrios relacionados com:

(a) Consolidação da soberania nacional
(c) Aprofundamento dos conhecimentos e aperfeiçoamento das tecnologias
(d) Desenvolvimento económico e social
(e) Equilíbrio social

suportados organica,emte pela existência de 7 Regiões Autónomas no território continental, às quais se devem somar e bem as restantes 2 dos Arquipélagos situados no Oceano Atlântico, em muito feliz hora constituidas há 34 anos (daqui a alguns anos, as 2 Regiões Autónomas Insulares hão-de ultrapassar-nos em índices de desenvolvimento e ainda bem).
Tudo o resto será inócuo ou expressão de vaidade de pálio festeiro.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)