A vergonhosa campanha do "Não" em 1998 (parte II)

(continuação)

È uma burla o cartaz do CDS/PP no qual se lê "impostos x 8", insinuando que com a regionalização vai haver mais impostos para pagar. Como as regiões a criar são Regiões Administrativas, elas não têm poder para criar novos impostos ou mesmo agravar os já existentes. Com a criação das regiões esta competência continuará a ser da exclusiva responsabilidade da Assembleia da República. Mas o que é mais grave, é sabermos que o PP/CDS também aprovou em 1991 a "Lei Quadro das Regiões Administrativas" da autoria do PPD/PSD, e na qual está bem claro que as regiões não podem criar impostos. O PP/CDS sabe perfeitamente o que votou, sabe perfeitamente que as regiões não podem criar impostos. Considero mesmo que esta postura reflecte uma total falta de respeito pelos portugueses, pois está a aproveitar-se duma eventual falta de informação sobre esta matéria para tentar enganar/burlar os eleitores no referendo


Fortes mentiras de fraca gente.


Propaganda infame contra a democracia. Num outro cartaz do PP/CDS está escrito - "corrupção x 8", insinuando que, com a criação das regiões vai haver mais corrupção. O que está escrito neste cartaz é da maior gravidade, pois para além de se estar a burlar os cidadãos, a actual direcção do CDS/PP está a ferir a essência da própria democracia, ao insinuar que órgãos eleitos democraticamente significam mais corrupção. Estamos perante um ataque infame contra as eleições democráticas, que pode facilmente resvalar para a perigosa intenção de acabar com os órgãos eleitos, para serem substituídos por "amigos" nomeados. Por este andar, um dia destes ainda temos a direita radical/actual direcção do PP/CDS - Paulo Portas a propor que as Câmaras Municipais, Assembleias Municipais e Freguesias, passem a ser nomeadas como acontecia antes do 25 de Abril, em vez de serem eleitas democraticamente pelo povo como agora são.


Esta nova direcção do PP/CDS, porque não quer debater seriamente a questão da regionalização, utiliza ataques torpes contra os órgãos eleitos democraticamente, associando-os a "tachos"; "dividas"; "corrupção" e outros insultos. Gostaria de deixar claro que responsabilizo apenas a actual direcção do PP/CDS por estas infâmias, pois estou convicto que a grande maioria dos militantes do CDS/PP não comunga destas ideias.


A direita radical teve sempre este terrível defeito de só ver corrupção quando se trata de pessoas eleitas democraticamente, porque quando as pessoas são nomeadas por "eles" então deixa de haver corrupção!!!. A direita radical sempre teve medo dos actos eleitorais porque perde o controlo dos órgão de decisão, preferia poder nomear os amigos, mas a democracia não deixa. Daí a grande aversão que a direita radical tem contra a regionalização, é que os Portugueses vão poder eleger democraticamente os seus representantes nas regiões, como acontece nos países europeus desenvolvidos.

João Rui Gaspar de Almeida

(Deputado do PS eleito pelo Círculo de Coimbra)

(*) Artigo publicado no Diário de Coimbra, em 20/10/98

Comentários

Anónimo disse…
caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Depois de 10 anos de definhamento total, em termos de desenvolvimento da sociedade portuguesa, muitos dos opositores da regionalização já mudaram de opinião para o lado contrário, enquanto outros passaram de defensores a opositores, sem qualquer razão objectiva para enfileirarem nas novas tendências conservadoras e modernistas, no pior sentido da palavra.
Daqui até à implementação da regionalização, inevitável com o passar do tempo, tantas alterações se irão verificar que seria prematuro sentenciar seja o que for, por muito que custe a certos fundamentalistas da mudança de opinião política, cada vez mais serôdia e desconfortável existente à face da Terra.
Sabe-se que será uma luta cada vez mais difícil e jogada no limite das condescendências de natureza política, mas quando muitos se convencerem que a regionalização não será uma "espécie de distribuição de tachos", a que muitos opositores foram e continuarão a ser abusivamente habituados e vão deixar de usufruir, então virar-se-ão para a solução regionalista na esperança de lhes permitir manter as mordomias a que estão viciosamente habituados, passando a ser perigosos e indesejáveis fundamentalistas da regionalização. No entanto, quem estiver atento a esses arrivistas, depressa terá de os colocar fora do movimento porque, a sê-lo, serão os primeiros a traí-lo com todas as suas forças, como aconteceu com certos figurinos após o 25 de Abril em muitos organismos, para garantia de continuidade de mordomias e outras benesses que não querem largar de maneira nenhuma, as quais justificam a habitual, interesseira, cobarde e interesseira transumância partidária.
Obviamente, a região da cidade-capital é onde abunda esta espécie transumante, pois é lá que se situa toda a dimensão do poder político central, centralizado e jacobino, mas que não hesita em acelerar a "descentralização" de tais procedimentos sempre que tal se revele necessário.
Quem costuma insistir na fórmula de distribuição de "tachos", a propósito da regionalização, será sempre quem deles beneficiou continuadamente, independentemente da "côr" política de quem tem exercitado o poder político nos últimos 50 anos.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)