Lisboa ...e o resto é paisagem!

Do Terreiro do Paço ao Cais do Sodré.

Antes de ir ao ponto central deste artigo, é importante clarificar um aspecto essencial: a Regionalização, e particularmente a criação da Região Norte, não resulta de qualquer atitude “anti-Lisboa” ou algo contra a população aí residente.

Seguramente, e exceptuando uma restrita elite, o actual cenário de centralismo atrofiante também contribui para que os portugueses que vivem na capital e arredores tenham, sob diversos aspectos, uma péssima qualidade de vida (trânsito caótico, crescentes problemas de insegurança, etc.).

Em resumo, a redução das enormes assimetrias regionais trará benefícios (exceptuando talvez a elite atrás referida…) as populações de todo o País.

Posto isto, o que motivou este artigo foi ler esta notícia:

"Ministro faz jantar secreto sobre grandes investimentos -
Mais do que um jantar, a reunião no hotel Radisson, em Lisboa, foi um encontro de trabalho, relativamente informal, promovido por António Mendonça, que teve como tema a actualidade e os investimentos públicos. Em comum, os presentes tem a convicção de que as grandes obras são uma necessidade"

Estes encontros são a demonstração como o actual sistema funciona - decisões que afectam milhões de portugueses são, em larga medida, influenciadas por um círculo muito restrito de pessoas. Neste caso os membros de um tal Clube do Cais do Sodré…

Nem se coloca em causa as boas intenções das pessoas em causa, a sua honestidade ou competência, mas é óbvio que a sua visão resulta de uma determinada forma de ver o País e uma concepção fortemente influenciada pelo seu quotidiano. Se estas mesmas personalidades residissem em outras regiões do País, contactassem com outras realidades, certamente teriam uma visão diferente da realidade do País, dos seus problemas e, claro, da forma e das medidas necessárias para os ultrapassar.

Ao contrário do que muitas vezes é apregoado, a Regionalização, ao contribuir para a realização de uma reflexão mais plural e sensata sobre estas matérias, permitirá evitar desperdício e poupar recursos – já alguém contabilizou os custos das opções de investimento público desastrosas tomadas ao longo destes anos?

Portugal não é só Lisboa, mas com este “buraco negro” centralista, o resto do País fica reduzido a paisagem…


|Norte Sim, Já!|

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