Ainda as SCUTs

Discussão sobre as Scut deve ir além do pagamento

Desde a sua apresentação, as auto-estradas sem custos directos para o utilizador - conhecidas por Scut - prestaram-se às mais desencontradas manobras. A maioria das opiniões que se ouvem, populares e políticas, ignora o impacto efectivo para uma determinada região, derivado da construção antecipada de vias de comunicação de qualidade.

Em seguida, não se valoriza o papel que as Scut têm desempenhado para a abertura de novas parcelas do território nacional a investimentos impensáveis sem vias de escoamento de produtos à altura.

Em terceiro lugar, sempre foi motivo da maior controvérsia decidir se se devia aplicar o princípio utilizador-pagador em todas as novas auto-estradas - como sempre defenderam os partidos à direita no Parlamento - ou se devia ser a comunidade nacional, através dos impostos, a subsidiar acessibilidades em regiões menos desenvolvidas, para estas poderem beneficiar de um empurrão colectivo para ajudar a recuperar atrasos de decénios.

É por isso que fica mal a quem antes proclamava em alta voz a necessidade de acabar com as Scut
aproveitar-se agora do natural e compreensível descontentamento local, dificultando a concretização do que eles há muito vinham reclamando.

Hoje, com a pressão de angariar receita pública e diminuir encargos futuros, as Scut estão sujeitas a nova análise. Os critérios para uma decisão ponderada constam do programa eleitoral deste Governo: deixa de se justificar manter troços sem portagens quando a região que elas servem está próxima da média nacional, em termos de criação de bens e serviços finais, quando há vias alternativas gratuitas e quando os interesses das comunidades urbanas se acharem salvaguardados.

Tudo isto está a ser visto à lupa, para escândalo das autoridades locais, que se batem por manter gratuitas as vias que as servem. Compreende--se. Mas desde que a revisão passe o teste dos critérios enunciados e aprovados pelos eleitores, será sinal de que as regiões afectadas melhoraram a sua condição em relação ao País em geral.

|Editorial - DN|

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