A árvore ou a floresta!
Quando as condições climatéricas não ajudam, o campeonato da área florestal ardida inicia-se com o Ministro da Administração Interna do momento a desmultiplicar-se na identificação de causas criminosas para a tragédia.
A “competência” num ano em que o clima ajudou é assim substituída pela “caça” aos culpados que normalmente se quedam pelos criminosos e pelos indulgentes, de modo a justificar-se a sucessiva e contínua incompetência nacional para tratar de 38% do território – a nossa Floresta.
Produzem-se leis de forma incontrolada e de reduzida aplicação porque não percebem o âmago da questão. O despovoamento do interior e a falta de cadastro florestal, o desconhecimento dos proprietários, que são mais de 400.000, fazendo assim de Portugal o País da União Europeia com mais floresta privada.
Na realidade 85% dos 3,3 milhões de hectares de floresta são de propriedade privada, 12% são baldios e somente 3% pertencem ao Estado.
Num Portugal onde os poucos a dedicarem-se à actividade florestal produzem a monocultura do eucalipto e do pinheiro (juntos já representam mais de 50% da floresta portuguesa), a propriedade é maioritariamente de pessoas que estão fora dos territórios ou de idosos com pensões de reforma que mal dão para comprar os seus medicamentos.
Por outro lado, a limpeza de um hectare de floresta pode custar até 1000 € e, apesar de alguns discursos políticos, não há uma estratégia nacional para a floresta que evite, a cada Verão mais rigoroso, a tragédia dos incêndios florestais.
Quando tivermos um Governo que compreenda o valor acrescentado que pode retirar da floresta, através de uma multiplicidade de actividades como o turismo de natureza, a indústria do mobiliário, a apicultura, a silvo-pastorícia, a caça, a pesca, a cortiça, a produção lenhosa e a energia, muito para além da indústria da celulose, então haverá incentivos devidamente formatados à realidade deste Interior, criando estímulos à sua reocupação e proporcionando a verdadeira prevenção dos incêndios florestais.
Um exemplo e uma sugestão. O exemplo vem de um investidor que decidiu apostar no concelho de Penela e que, para além de ter comprado duas aldeias abandonadas para realizar um empreendimento de dimensão nacional na área do Turismo, adquiriu também cerca de 130 hectares de floresta para arrancar eucaliptos e plantar espécies autóctones, permitindo reduzir drasticamente o risco de incêndio numa Serra, a da Lousã, que se apresenta como um denso e contínuo Eucaliptal!
Para adquirir aquela área de floresta, aquele persistente investidor realizou cerca de 2.850 escrituras num processo que demorou quase dois anos. Se o caro leitor fizer as contas, constatará que a propriedade média é de 456 metros quadrados!
A sugestão: em vez de ser o ministro da Administração Interna o responsável político pelos incêndios em Portugal, quem deve assumir, a partir de agora, tal responsabilidade, deverá ser o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
É este o ministro responsável e deve ser ele que deverá responder sobre as metas de Portugal para o tal sector estratégico que somente continua a ser notícia para entristecer as nossas férias de Verão.
O ministro da Administração Interna poderá gastar os milhões todos em meios de Protecção Civil, os nossos bombeiros poderão continuar a defender os nossos bens e a arriscar as suas vidas por uma causa solidária e colectiva, mas o problema persistirá porque os Governos continuam, ironia do destino, a confundir a árvore com a floresta.
Estando o diagnóstico devidamente realizado, falta o pragmatismo e a vontade política de desenvolver estes territórios, retirando o devido valor acrescentado para a riqueza de Portugal e parando com esta tragédia nacional de vermos permanentemente “Portugal a arder” !
|Paulo Júlio|
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Quando as condições climatéricas não ajudam, o campeonato da área florestal ardida inicia-se com o Ministro da Administração Interna do momento a desmultiplicar-se na identificação de causas criminosas para a tragédia.
A “competência” num ano em que o clima ajudou é assim substituída pela “caça” aos culpados que normalmente se quedam pelos criminosos e pelos indulgentes, de modo a justificar-se a sucessiva e contínua incompetência nacional para tratar de 38% do território – a nossa Floresta.
Produzem-se leis de forma incontrolada e de reduzida aplicação porque não percebem o âmago da questão. O despovoamento do interior e a falta de cadastro florestal, o desconhecimento dos proprietários, que são mais de 400.000, fazendo assim de Portugal o País da União Europeia com mais floresta privada.
Na realidade 85% dos 3,3 milhões de hectares de floresta são de propriedade privada, 12% são baldios e somente 3% pertencem ao Estado.
Num Portugal onde os poucos a dedicarem-se à actividade florestal produzem a monocultura do eucalipto e do pinheiro (juntos já representam mais de 50% da floresta portuguesa), a propriedade é maioritariamente de pessoas que estão fora dos territórios ou de idosos com pensões de reforma que mal dão para comprar os seus medicamentos.
Por outro lado, a limpeza de um hectare de floresta pode custar até 1000 € e, apesar de alguns discursos políticos, não há uma estratégia nacional para a floresta que evite, a cada Verão mais rigoroso, a tragédia dos incêndios florestais.
Quando tivermos um Governo que compreenda o valor acrescentado que pode retirar da floresta, através de uma multiplicidade de actividades como o turismo de natureza, a indústria do mobiliário, a apicultura, a silvo-pastorícia, a caça, a pesca, a cortiça, a produção lenhosa e a energia, muito para além da indústria da celulose, então haverá incentivos devidamente formatados à realidade deste Interior, criando estímulos à sua reocupação e proporcionando a verdadeira prevenção dos incêndios florestais.
Um exemplo e uma sugestão. O exemplo vem de um investidor que decidiu apostar no concelho de Penela e que, para além de ter comprado duas aldeias abandonadas para realizar um empreendimento de dimensão nacional na área do Turismo, adquiriu também cerca de 130 hectares de floresta para arrancar eucaliptos e plantar espécies autóctones, permitindo reduzir drasticamente o risco de incêndio numa Serra, a da Lousã, que se apresenta como um denso e contínuo Eucaliptal!
Para adquirir aquela área de floresta, aquele persistente investidor realizou cerca de 2.850 escrituras num processo que demorou quase dois anos. Se o caro leitor fizer as contas, constatará que a propriedade média é de 456 metros quadrados!
A sugestão: em vez de ser o ministro da Administração Interna o responsável político pelos incêndios em Portugal, quem deve assumir, a partir de agora, tal responsabilidade, deverá ser o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
É este o ministro responsável e deve ser ele que deverá responder sobre as metas de Portugal para o tal sector estratégico que somente continua a ser notícia para entristecer as nossas férias de Verão.
O ministro da Administração Interna poderá gastar os milhões todos em meios de Protecção Civil, os nossos bombeiros poderão continuar a defender os nossos bens e a arriscar as suas vidas por uma causa solidária e colectiva, mas o problema persistirá porque os Governos continuam, ironia do destino, a confundir a árvore com a floresta.
Estando o diagnóstico devidamente realizado, falta o pragmatismo e a vontade política de desenvolver estes territórios, retirando o devido valor acrescentado para a riqueza de Portugal e parando com esta tragédia nacional de vermos permanentemente “Portugal a arder” !
|Paulo Júlio|
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Comentários
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Não é só a desertificação a explicar a vaga de fogos florestais que deflagra todos os anos, com o peneplácito dos órgãos de comunicção social a dar uma publicidade perfeitamente dispensável. A tragédia é tal que justifica censura temporária.
O principal factor está relacionado com a educação das pessoas que nunca foram motivadas para a defesa do bem público, uma vez que são demasiados os ébrios e doidos á solta a pegar fogos de madrugada, a meio da manhã ou a meio da tarde. O que se tem passado corresponde a atenuante zero, logo trata-se de casos com 100% de agravantes e é triste que se dê cobertura comunicacional a tanto crime público e de lesa-pátria.
A necessidade/direito de informar não justifica todos os meios.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
A Regionalização é fundamental para mais fácilmente poder criar estas condiçõs, há que diminuir a importação de bens que podemos aqui produzir e calar de vez os que afirmam que Portugal não tem aptidão agrícola, nem competetividade. Se o território geológico é do mesmo tipo de ambos os lados da fronteira, esses tais grandes empresários importadores que, em proveito próprio nos acusam, então que digam o mesmo aos espanhóis.
É preciso denunciar que esta situação é o que é porque garante, pelo menos enquanto vier dinheiro de Bruxelas, o enriquecimento dos grandes importadores de bens que poderiam ser produzidos no nosso país, exactamente como fazem os espanhóis.