Turismo rural - Norte na liderança

Turismo rural - Número de alojamentos e dormidas duplica

Na última década o número de alojamentos e dormidas em turismo rural duplicou em Portugal. O sector lamenta ainda alguma «desorganização» e o abandono de territórios, mas já integra bons exemplos de regeneração.

No final de 2008, o Turismo de Portugal (que não dispõe dos dados de 2009) registava 1047 estabelecimentos em espaço rural - entre turismo de habitação, turismo rural, agroturismo e casas de campo -, quando em 1999 contava apenas 668.

Durante esse período, também o número de dormidas aumentou, passando de 361 700 para 523 500, e em todos os anos a região Norte manteve uma posição de destaque na quantidade de visitantes recebidos.

Mais variável foi a percentagem de hóspedes portugueses. A tendência de haver mais turistas estrangeiros do que nacionais só se alterou em 2005.

Apesar de os números apontarem para uma evolução favorável, a Associação Portuguesa de Turismo no Espaço Rural (Privetur) alerta para o facto de os fluxos externos em direcção a Portugal e Espanha estarem a «decair a favor do Leste e outros destinos».

Sobre a última época, João Soares, daquele organismo, diz não haver dados que indiquem aumentos e regista algumas dificuldades: «ligeira subida de portugueses com pressão sobre a baixa de preços, queda de procura externa, fenómenos isolados mas preocupantes de unidades com ‘overbooking’ em Julho e Agosto», meses que concentram mais de metade da receita anual.

Além disso, os incêndios florestais continuaram a motivar «debandadas», o que leva a associação a exigir uma maior intervenção do Estado num problema que já considera «inadmissível».

A estas situações, «repetidas todos os anos», a Privetur acrescenta a falta de coordenação e de uma estratégia integrada para o sector (propondo a constituição de cinco redes que interliguem alojamento, entretenimento e lazer, num projecto já apresentado em comissões parlamentares) e o abandono de territórios potenciais geradores de riqueza, um problema «pior que a desertificação populacional» do mundo rural.

«É preciso restaurar, reanimar, reactivar, inovar, progredir, com respeito pela identidade e pela espírito do lugar, preservando e restaurando costumes, se calhar recriando histórias para vender em vez de importar festivais», defende João Soares.

Nas 24 Aldeias do Xisto, um projecto iniciado há uma década que utilizou o turismo para trabalhar o desenvolvimento territorial, com base em fundos comunitários, esses objectivos são já uma realidade.

Bruno Ramos, da Agência de Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, explica que o sucesso só foi possível devido ao diálogo entre poderes e populações (constantemente ouvidas) e à constituição de uma rede que permitiu a locais por muitos desconhecidos ganhar escala.

«O projecto trouxe sobretudo uma identidade: no início as pessoas estavam descrentes, achavam que as casas eram velhas e associavam-nas à pobreza e sentiam-se abandonadas, mas agora nota-se um aumento da autoestima, falam com orgulho», conta.

Em 2005, quando a marca foi efectivamente criada, havia apenas uma casa do género, enquanto hoje existem 15 no espaço das aldeias.

No entanto, em todo o território dos municípios participantes existem 874 quartos, incluindo hotéis, já que há uma extensa parceria entre todos os operadores turísticos, dos restaurantes aos concessionários de praias fluviais.

«Houve uma enorme transformação desta zona e a marca está perfeitamente afirmada. Até já há mais procura que oferta», diz Bruno Ramos.

|Café Portugal|
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Este é um exemplo soberano de aproveitamento dos recursos endógenos de locais específicos de uma freguesia, integrada num concelho e todos pertencentes a uma dada região natural ou província. Até pela excelente fotografia editada se pode concluir que os estilos arquitectónicos rurais são diferentes de região para região, sem se precisar de recorrer à literatura da especialidade, com destaque para o Arquitecto Raúl Lino.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)