Fundamentos da Divisão Regional
Uma região geográfica caracteriza-se por certa identidade de aspectos comuns a toda ela. Não apenas as condições gerais de clima e posição mas ainda as particularidades da natureza e do relevo do solo, o manto vegetal e as marcas da presença humana dão-nos o sentimento de não sairmos da mesma terra.
A consciência desse facto entre os habitantes traduz-se muitas vezes por uma apelação regional; mas nem sempre regiões tradicionais ou circunscrições administrativas coincidem com divisões geográficas.
O que caracteriza as regiões geográficas de Portugal é o seu padrão miúdo e a rica variedade de aspecto e contrastes.
Orlando Ribeiro
(citado por CARVALHO, A. e ARAÚJO, A., Portucalle- 10º Ano, Edições ASA, 2003)
Orlando Ribeiro (1911-1997) é considerado o renovador da Geografia em Portugal no século XX. Tendo dedicado toda a sua vida ao estudo da Geografia, foi o geógrafo português com maior projecção internacional, produzindo uma vasta obra, que não se limitou a abordar estritamente os aspectos científicos da Geografia mas, fruto de diversidade de interesses do autor, envolveu aspectos da Antropologia, Etnografia e História, entre outros. Licenciado em Geografia e História pela Universidade de Lisboa, e Doutorado pela mesma instituição, trabalhou na Sorbonne durante a II Guerra Mundial. Foi professor das Universidades de Coimbra e de Lisboa, cidade onde fundou, em 1943, o Centro de Estudos Geográficos.
Comentários
É esta "identidade de aspectos comuns" que as regiões "norte" e "centro" não têm, de tão diferentes que são internamente.
Nunca poderemos ir do Porto a Bragança, ou de Aveiro a Vilar Formoso, e chegar ao fim destas viagens com "o sentimento de não sairmos da mesma terra". Antes pelo contrário, parece que estamos em Mundos diferentes!
Daí a premência das 7 regiões, internamente homogéneas, com uma identidade, com aspectos comuns entre si. Porque quando percorremos Entre-Douro e Minho de Espinho a Melgaço; ou Trás-os-Montes de Vila Real a Miranda do Douro; a Beira Interior da Mêda a Vila Velha de Ródão; ou a Beira Litoral de Ovar à Marinha Grande, aí sim, chegaremos ao fim das nossas viagens com "o sentimento de não sairmos da mesma terra".
É importante pensar nisto, para que não se cometam enormes disparates geográficos.
A regionalização (e os regionalistas) têm, sobre esta matéria, abordagens teóricas diferentes.
Ora, as correntes de opinião mais significativas são, de um lado, os chamados teóricos da regionalização culturalista e geográfica e, do outro lado, os apoiantes de uma regionalização tecnocrática ou de planeamento, no fundo, os defensores de uma regionalização mais assética.
Seja como for, na minha opinião, a Regionalização, antes de mais, tem é que avançar. A Regionalização não é um facto consumado é, isso sim, um processo e, como tal, terá o seu início, o seu desenvolvimento (necessariamente com mutações) e a sua consolidação.
Cumprimentos,
A nossa história como povo e Nação, começa com a reconquista cristã.
E tudo começa no Norte, podemos afirmar que esta é a primeira região portuguesa.
Depois é Coimbra, Leiria e Tomar; a região Centro a segunda região.
A terceira região é Santarém, Sintra, Lisboa e Val do Tejo.
A quarta é naturalmente o Além-Tejo.
Finalmente a quinta região é o Algarve.
Quem está contra a Regionalização pode inventar os mais variados arranjos e cenários, vivemos em democracia, não pode é ir contra e deve ter em conta, a nossa realidade histórica.
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,
Todos os argumentos pró-regionalização baseados nos factores tradicionais, alinhados pelo Professor Orlando Ribeiro e outros, foram a base de construção do trabalho "As Regiões Autónomas ....", residente no site da Ordem dos Economistas e não há volta a dar-lhes. São os únicos fundamentos de uma regionalização séria e orientada para o desenvolvimento. Tudo o que se disser ou escrever em contrário não passam de posições contra a regionalização, seja administrativa ou autonómica.
Sem mais nem menos.
Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)
A questão, para mim, é a seguinte: a Regionalização é uma reforma mais política, ou mais geográfica?
Nos outros países europeus, mais desenvolvidos, foi obviamente uma reforma mais geográfica, feita com conta, peso e medida, onde quem estuda o País há décadas (os geógrafos) foi, e é, efectivamente ouvido.
Em Portugal, a Regionalização é decidida em gabinetes políticos, ignorando o que se faz lá fora. A Regionalização é arma de arremesso político em vez de ser uma reforma bem estudada.
Depois o resultado é este. Foi assim que nasceu o mapa das 5 regiões. Da necessidade política de traçar em Portugal 3 ou 4 "postas" com mais ou menos o mesmo tamanho para mostrar à UE que, afinal, tínhamos "regiões", postas essas que foram aperfeiçoadas quando algarvios e alentejanos lutaram contra uma disparatada "região sul", disparate esse que se juntou às "regiões norte e centro", essas infelizmente ainda figurando em mapas estatísticos.
Continua é a ignorar-se completamente o País. As pessoas. A economia. A geografia. As tradições. As potencialidades.
Não tenho qualquer pejo em afirmar que falar em "regiões" "norte" e "centro" é um disparate geográfico sem paralelo em toda a nossa história, e talvez em toda a história das regiões da Europa Ocidental.
E não se pense que digo isto com o intuito de rejeitar uma proposta e com isso atrasar a Regionalização.
Simplesmente acho que é um facto que a Regionalização tem de passar nas urnas. E que as pessoas não aprovam algo que não lhes diz nada.
Daí falar no mapa, e tentar abrir o debate, seja, para mim, uma forma de evitar que o processo de Regionalização seja feito sem critério, sem pensar nas pessoas e nas realidades específicas, o que levaria muito provavelmente a um chumbo nas urnas. E mais vale esperar por uma boa Regionalização do que ter pressa e perder um referendo.
Caro ravara:
Fala-nos em História. Pois bem.
Então vamos dizer as coisas tal como elas são:
Tudo começa com a Reconquista. Mas não no "norte". Isso de "norte" praticamente nunca existiu na nossa história até ser inventado em 1970. Portugal começou, isso sim, a partir do primitivo Condado Portucalense, não o que herdou D. Afonso Henriques, mas um anterior, que incluía as zonas do Porto, Braga e Viana do Castelo. Ou seja, aquilo a que desde o tempo de D. Dinis chamamos Entre-Douro e Minho.
Ou seja, tudo começou em Entre-Douro e Minho. Não no "norte", porque em Trás-os-Montes e Alto Douro tudo decorreu de forma diferente.
Depois, na expansão para sul, surgiu outro dos alicerces da nossa nacionalidade: o Condado de Coimbra. Esse condado compreendia o que é hoje a Beira Litoral.
Já a Beira Interior, vivia, já na altura, outra realidade.
Se quer ir pela História, podemos ir. Mas garanto-lhe que a História é precisamente um dos pilares principais que apoiam a proposta das 7 regiões, e é pela História que se vê o grau de disparate da proposta de 5.
Cumprimentos,