Portagens nas SCUT: uma trapalhada que envergonha Portugal

|Costa Guimarães|

As cedências, por um lado, e as luminárias tecnológicas, por outro, tem conduzido Portugal, nos últimos tempos, a situações inacreditáveis, em resultado de decisões mal amadurecidas.

Já no tempo de Jorge Sampaio, na presidência da República, se dizia que há mais vida para além do défice, mas este Governo, com o beneplácito de Cavaco Silva e da ética da responsabilidade (que cedeu o seu lugar á ética das convicções) tropeça em cada medida que adopta na sua correria contra o desequilíbrio das contas públicas.

Percebe-se esta aflição, quando as ratazanas estão a pular do barco nacional. É o caso das quase seis mil personalidades que se precipitaram a saltar para reformas superiores a quatro mil euros, quando a média nacional não ultrapassa os 300 euros. Que o digam os 124 mil reformados existentes no distrito de Braga

Um dos tropeções legais do Governo no afã de estancar o défice reside nas portagens que vão ser implementadas nas SCUT. Por pressão do PSD — pagam todos — alteraram-se as regras do jogo a meio do campeonato do desenvolvimento e do PIB per capita.

Por isso, os dirigentes de associações que representam cerca de 40 mil empresas do Norte de Portugal e da Galiza admitiram recentemente, em Viana do Castelo, avançar para os tribunais para impedir a introdução de portagens na SCUT Litoral Norte.

José Manuel Alvariño, presidente da Confederação Empresarial de Pontevedra (CEP), não admite ser impossível pagar as portagens com dinheiro, o que pode violar as regras comunitárias.

“Com o euro, pode-se pagar seja o que for em todos os países que aderiram à moeda única. Agora, querem impedir-me de usar o euro para pagar portagens em Portugal. Para circular, tenho de comprar não sei o quê”, criticou o empresário, aludindo ao chip que nasceu para ser imposto como obrigatório.

Na cedência do chip como resposta à exigência do PSD, o Governo do PS esqueceu uma regra que ele impusera a si próprio para ganhar eleições: critério do índice de 80 por cento do Produto Interno Bruto.

A trapalhada do negocio entre PSD e PS faz com que a cobrança não arranque em simultâneo em todas as SCUT e o preço por quilómetro seja desigual.

Não são apenas os empresários, mas todos os cidadãos que exigem decisões tomadas com bom senso e inteligência. Por sua vez, o senhor de Belém não se pode limitar a criticar as leis feitas em cima do joelho e a homologá-las em nome da ética da responsabilidade.

Como se vê, nem ética nem responsabilidade existem no caminho que vai de S. Bento até Belém.
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