Vinho - Campanha de 2010 com aumento da produção

A produção vitivinícola cresceu este ano na generalidade das regiões portuguesas, com algumas quebras pontuais, sendo as expetativas em relação à qualidade "média" para uns e "muito boa" para outros.

"Estamos na presença de um bom ano", disse Sérgio Oliveira, enólogo da Associação de Municípios Produtores de Vinho (AMPV), opinião corroborada pelo presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) Tejo e por vários produtores ouvidos pela agência Lusa.

Com as vindimas ainda a decorrer, sobretudo no Norte do país, devido ao atraso no processo de maturação das uvas, as perspetivas de crescimento da ordem dos 13 por cento a nível nacional, avançado em agosto pelo Instituto do Vinho e da Vinha (IVV), mantêm-se.

De acordo com essas estimativas, a produção poderá chegar aos 6,4 milhões de hectolitros, sendo a região Tejo a que mais crescerá (15 por cento), atingindo os 628 mil hectolitros.

Para o presidente da CVR Tejo, José Gaspar, o crescimento da produção nesta região pode mesmo chegar aos 25 por cento.

Luciano Vilhena Pereira, presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, espera igualmente um aumento da produção superior aos 13 por cento previstos pelo IVV, sublinhando que a vindima na região vai este ano decorrer até à terceira semana de outubro, já que muitos produtores decidiram adiar o início da colheita para permitir a maturação das uvas.

"Vai ser um ano com qualidade normal, provavelmente não excecional, o que não quer dizer que não haja setores com qualidade muito elevada", disse à Lusa.

Luís Ramos Lopes, diretor da Revista Vinhos, referiu o aumento global da produção, mas estima que a qualidade dos vinhos desta campanha não será "tão interessante" como nos anos anteriores, o que justifica pelas condições climatéricas "quase subtropicais" que provocaram níveis de maturação da uva muito heterogéneos e uma redução da acidez.

"Temos mais uva, mas a qualidade média não é brilhante, leva pouca concentração, pouca cor (no caso dos tintos) e sobretudo falta acidez nos mostos, embora possa haver um caso ou outro, como acontece em todas as campanhas", afirmou à Lusa.

A responsável pela produção vinícola da Quinta da Cartuxa (Évora), Silvia Franjoso, confirmou um aumento da produção, reconhecendo uma qualidade "mais irregular" na colheita deste ano, com uvas "muito boas, outras boas e outras mais ou menos", já que a maturação "foi muito irregular".

"Foi um ano diferente, mas no global é um bom ano", adiantou. Manuel Gabirra, vice presidente da Adega Cooperativa de Almeirim, disse à Lusa que os mais de 500 produtores associados concluíram as vindimas esta semana e as perspetivas "são muito boas".

"Correu muito bem. Colhemos mais 30 por cento de uvas que na campanha de 2009 (de 15 milhões de quilos para 20 milhões de quilos)", afirmou, adiantando que os brancos "estão com graus adequados" e os tintos "um pouco inferiores", afirmou.

Adepta da agricultura biológica, Ana Cristina Santos, proprietária da Herdade dos Cadouços (Abrantes), com 52 hectares de vinha, disse à Lusa que tem este ano um "ligeiro decréscimo" na produção, já que não recorreu a químicos para fazer frente às chuvas e geadas que geraram uma quebra da floração.

|Lusa|
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