Trás-os-Montes - O nosso ouro

|Luís Mota Bastos|

Depois da vindima, menos má por sinal, mas com o preço da pipa ao lavrador a níveis insuportáveis, vem a castanha, de onde a melhor, e os cogumelos, um pitéu.
E vem também a época da caça, e das matanças e do fumeiro, e das tronchas e das laranjas.

Percorram-se num relance os sítios da internet dos municípios trasmontanos e durienses e facilmente se encontram as promoções dos eventos gastronómicos: cabrito, castanha, cogumelos, porco, caça, pesca, azeite, vinho, amêndoa, etc. Tudo bom, tudo do melhor, ou não fosse da nossa terra.

Tudo tão bom e tão premiado que notícias como as que nos relatam os prémios alcançados por vinhos e azeites da região ou aqueloutra que nos conta que uma empresa de Vila Pouca de Aguiar vai exportar castanha já assada, ultracongelada e embalada em vácuo e atmosfera controlada para os Estados Unidos, reconfortam e dão esperança num futuro melhor.

Estas relíquias alimentares, aliadas a outras que a região possui, como o granito por exemplo, são bens transaccionáveis de superior qualidade a que falta, julgo, um ainda maior mercado, sustentado e rentável, de exportação.

Em tempos de “regresso” à terra, mais que a subsistência básica que sempre dela se retirou é de suprema importância a valorização que todos estes produtos de superior qualidade podem e devem alcançar.

Como o conseguir sem colocar o produtor, que corre todos os riscos, no último degrau da cadeia de comercialização é, na minha modesta opinião, a questão do milhão de dólares.

Todos estes produtos, numa escala global, são bens raros; logo deviam ser muito rentáveis, e não apenas para quem os vende ao consumidor final.

Na lógica cruel do mercado eles só poderão ser mais rentáveis se forem mais procurados do que oferecidos. E desculpem-me a conclusão, mas julgo que andamos, há muitos anos, a oferecê-los demais.

Conseguir alcançar o estatuto de produto mundialmente conhecido, que vale por si mais que as marcas que ostenta (como por exemplo o caviar ou o champanhe) e estimular a apetência por esses produtos dos mercados de consumo mais abastados é o grande desafio da nossa região. Como vencer esse desafio?

Bem, esta é a questão do milhão de euros…
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Comentários

Eduardo disse…
Parabéns pelo BLOG.

abraços
Caro Eduardo,

Obrigado pela visita e pelo elogio.

Cumprimentos,