Rui Rio só quer regionalização 'se não for para aumentar a despesa pública'

Defensor que a regionalização tenha como pressuposto a redução da despesa, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, afirmou que só a apoia se todo o país beneficiar, considerando que a região de Lisboa pode ganhar bastante com a descentralização.

Em entrevista à Agência Lusa e questionado sobre a reforma político-administrativa que entra em vigor na Grécia no sábado, Rui Rio considerou que o país em causa «não é exemplo para nada».

«Se algum dia se fizer a Regionalização em Portugal um dos primeiros objectivos a atingir, um pressuposto, é a redução da despesa pública. Fazer mais com menos»
, defendeu o autarca, acrescentando que se a reforma for para aumentar esta despesa ele é contra.

Rui Rio avançou assim que se a regionalização for para diminuir a despesa pública poderá ser a favor, dependendo muito, no entanto, de outros factores.

«Se olhar para aquilo que são hoje as autarquias e a administração central - e se considerar que os órgãos regionais ficam entre os dois - vai querer que eles fiquem muito mais iguais às autarquias porque o descalabro financeiro e o desperdício é muitíssimo maior na administração central e no Governo»
, realçou.

Dada «a situação de pré-falência do regime», o social-democrata encara mais o debate da regionalização «no âmbito de uma reforma profunda do regime, a diversos níveis, do que propriamente à luz do défice ou da despesa pública».

«Se o país quiser olhar para o regime, perceber que ele chegou a um beco, que tem que sair desse beco e que a regionalização pode entrar aqui como uma das grandes reformas a fazer, acho que esse caminho deve ser feito»
, sublinhou.

Rio reforçou ainda que só admite «apoiar um processo de regionalização se tiver convicto que o país como um todo ganha com isso, ou seja, que cada região ganha» com a reforma.

Questionado sobre se o Porto ganha mais com o processo do que Lisboa, o presidente da autarquia do Porto respondeu que a região de Lisboa e Vale do Tejo tem forma de ganhar bastante com a regionalização.

«A descentralização, o desanuviar Lisboa e distribuir pelo resto do país, deve agradar também a Lisboa. Um país mais equilibrado começa por ser bom logo para Lisboa. É a minha opinião mas não deve ser a da maioria»
, observou.

Sobre o modelo que defende para a regionalização, Rui Rio defendeu que este tem que ser «devidamente cuidado», avançando que há áreas, como a do turismo, em que não tem dúvidas que a reforma traria vantagens.

«E também temos que ter consciência de um aspecto: não é só a administração central que passa poderes à regional. A local também terá que passar alguns poderes à administração regional»
, relembrou.

Para o social-democrata «só é defensável em Portugal um modelo de regionalização que inequivocamente baixe a despesa pública e aumente a sua eficácia».

«Mas isso não é difícil tal é o desperdício e má gestão da despesa pública que faz a administração central»
, rematou.

Lusa / SOL
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Para a grande maioria dos nossos políticos, a regionalização só se coloca ao nível da 'despesa pública' (redução, entenda-se), mas nunca ao nível e ao serviço de uma política de desenvolvimento.
Ao pensar assim, teremos mais 500 anos a viver à custa da poupança alheia, deveras lamentavelmente.
Por estas bandas, viver assim tem um nome bastante ordinário e utiliza uma palavra tão feia que não dignifica nenhum dicionário!

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)