Presidenciais 2011- os candidatos e a Regionalização: José Manuel Coelho

O candidato José Manuel Coelho, no decorrer da campanha, pronunciou-se muito poucas vezes sobre a Regionalização e, quando o fez, mostrou ser contra a instituição em concreto de Regiões Administrativas em Portugal Continental.

Assim, apenas tenho conhecimento de duas declarações públicas do candidato sobre o tema. Uma delas aparece no semanário «Sol», de 1 de Janeiro de 2011. Coelho disse o seguinte:
«Não acho importante regionalizar porque isso iria criar um despesismo. Mais parlamentos, mais deputados, mais dinheiro. A economia do país não aguentaria uma regionalização do continente. Depois quebraria a unidade do Estado, enfraqueceria o poder central».

A outra declaração conhecida de José Manuel Coelho sobre Regionalização data de 11 de Janeiro, e foi feita no decorrer de um debate na internet com eleitores, no sítio iLeger. O candidato afirmou:
«A regionalização é má para um país como Portugal, porque aumenta o despesismo e cria dificuldades ao orçamento do Estado.

Por exemplo, se a Assembleia Legislativa da Madeira não existisse poupava-se 16 milhões de euros. Mas é necessário, mas as pessoas deviam ter aquele cargo pela honra e não pelo dinheiro. As pessoas iam por amor à camisola, apenas com um pequeno prémio de 30% sobre aquilo que ganhavam antes na vida civil.»


A candidatura de José Manuel Coelho não respondeu ao mail que enviei com um pedido de esclarecimento sobre o tema.


João Marques Ribeiro

Comentários

Este Sr. Coelho demonstra, sobre esta matéria, uma grande ignorância pois incorre num erro de base que é confundir as regiões administrativas com as regiões autónomas. Estas duas entidades territoriais são, juridicamente, muito distintas desde logo porque as regiões autónomas têm poder legislativo e parlamento coisa que não existe nas regiões administrativas.
Caro António Almeida Felizes:

Subscrevo inteiramente.
O grande problema é que este erro não se cinge a José Manuel Coelho. Uma grande parte dos cidadãos está mal informada sobre este tema e pensa que regiões administrativas e autónomas são a mesma coisa.
E o pior é que essa confusão foi deliberadamente metida na cabeça das pessoas aquando do referendo de 1998, em que não houve pejo em comparar as regiões a instituir com as autonomias espanholas ou as regiões autónomas insulares de Portugal.

Cabe-nos a nós, regionalistas, «desminar o terreno».
Caro João M Ribeiro,

A ignorância que grassa sobre este assunto da Regionalização chega a ser confrangedora.

Tenho participado em vários debates sobre esta matéria (ou onde esta matéria é abordada) e, mesmo em círculos mais ou menos bem informados, há um grande desconhecimento sobre o verdadeiro alcance desta reforma.

Temos muito trabalho pela frente, especialmente, a Norte e no interior do país que continuam a ser as comunidades que têm mais a ganhar mas são a menos informadas.

Cumprimentos,
Caro António Almeida Felizes:

No Interior do País, a situação é particularmente complicada, porque, em 1998, a campanha do «não» fez-se através de autênticas «brigadas» de desinformação que foram quase aldeia a aldeia espalhando sem qualquer pudor todo o tipo de mentiras.

A expressão «desminagem» foi usada pelos defensores do Sim, que infelizmente só se aperceberam disso quando já era tarde demais.

Tenho para mim que esta situação só será revertida com muitas sessões de esclarecimento, e possivelmente com uma campanha porta-a-porta, de modelo anglo-saxónico.

Porque no fundo, e conforme diz, são as pessoas que ganham mais com a Regionalização que estão mais desinformadas, e que votam mais contra ela.

Sobre este tema, se tiver tempo, recomendo-lhe este artigo, que retrata aquilo que foi a campanha suja do "não" em 1998 na Beira Interior:

http://www.freipedro.pt/tb/121198/polit1.htm

Cumprimentos,
Anónimo disse…
Pois, campanha suja...
Os senhores sabem muito sobre "isto", escrevem tão bem, e depois, bem, depois lá vem a campanha suja dos outros.
Assim vão ganhar muitos cidadãos para a vossa causa?
Ou, porque são sujos não interessam.
Por favor.
Não precisam chegar à gaguez de Alegre, Sócrates e Louçã, porque o vosso projecto é bem mais claro que o deles.
Mas continuar a chamar sujo ao que os outros fazem, torna-os em "Defensores"... com a colheita muito minguada... quase ridícula...

Argumentos, meus senhores, argumentos, de preferência suportados em números...
Caro Anónimo,

Certamente será defeito meu, mas, tenho uma enorme dificuldade em perceber o alcance deste seu comentário no âmbito deste 'post'

Cumprimentos
Caro anónimo:

Se encontrar outro adjectivo, em alternativa ao "sujo", que classifique o acto da campanha do "não" em 1998 durante a qual houve gente a ir às aldeias da Beira Interior dizer às pessoas que, se votassem sim, ia deixar de haver hospital na sua capital de distrito e o mais próximo ficaria a 100 km, pode dizer qual é. Eu, não vejo adjectivo melhor.

Argumentos válidos, estamos nós a apresentar constantemente. Basta dar uma vista de olhos pelos arquivos do blogue...

Cumprimentos,