Trás-os-Montes - Idosos agarrados à terra

“Dinâmicas da actividade dos idosos agricultores em Trás-os-Montes” é o tema de um estudo que a docente do Instituto Politécnico de Bragança, Sílvia Nobre, apresentou na passada quarta-feira.

O trabalho, desenvolvido ao longo dos últimos anos, centra-se nos idosos ainda activos, reformados ou não, que estão ainda em actividade na agricultura transmontana. “Eu estudei dois aspectos de sucesso em Trás-os-Montes: a criação de vacas mirandesas e a florestação de terras agrícolas”, revelou a docente da Escola Superior Agrária de Bragança, que também coordena o Centro Europe Direct de Bragança

Contabilizados os dados, a responsável concluiu que a agricultura é uma forma de os idosos complementarem o rendimento das reformas, quase sempre baixas. “Eles trabalham bastante, estão abertos à inovação e às novas técnicas, sobretudo, se lhes facilitarem o trabalho, face das limitações físicas que progressivamente vão tendo. Apesar de não terem sucessores nas explorações agrícolas, querem de ter um património rural preservado para deixar aos descendentes”.

Sílvia Nobre também verificou que, a partir do momento em que começam a auferir de uma reforma, os agricultores mais velhos “tendem a deixar produções mais trabalhosas, como a das vacas, e passam a concentrar-se em culturas permanentes de árvores, castanheiros, e fazem aquela florestação que lhes permite um trabalho mais sazonal e que lhes dá algum rendimento”, concluiu.

Questionada sobre o futuro do mundo rural, Sílvia Nobre afasta qualquer pessimismo: “Há agricultores mais jovens, muito menos, é certo, mas também fazem uma agricultura de outro tipo e também está por provar se alguém vai regressar ou não”, defende.

|Jornal Nordeste|
.

Comentários