Sem regionalização, o nosso sonho só pode ser o da Grécia
Manuel Lopes Porto, presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, ex-eurodeputado e antigo presidente da CCDRC,é um acérrimo defensor da regionalização político-administrativa e não tem dúvidas: os países mais pobres e com menores índices de desenvolvimento, como Portugal e a Grécia, mas também a Irlanda, são os centralizados.
Disse, na cerimónia evocativa do 25 de Abril, que está por cumprir a democracia territorial…
É um facto. É uma coisa inaceitável, que não está na lógica da Europa nem do Mundo. Aliás, os países mais desenvolvidos, em termos de crescimento em todos os indicadores, são os mais equilibrados do ponto de vista territorial.
Não colhe, então, o argumento de que o país é demasiado pequeno para ser “retalhado”?
Não. A prova é que países mais pequenos, como a Dinamarca ou a Holanda, são regionalizados. E até o próprio Luxemburgo, que é o mais pequeno país. A verdade é que, no sentido contrário, os mais pobres e com menores índices de desenvolvimento são os centralizados: Portugal e a Grécia, que são os piores de todos, e também a Irlanda. Mas, no nosso caso, o que parece é que o nosso sonho é o modelo grego.
A tradição municipalista da Nação é um óbice à regionalização?
Não, porque as regiões têm por base o municipalismo, que é uma fonte riquíssima de ensinamentos e de experiências bem sucedidas. Veja este exemplo muito concreto: se subir à torre da universidade e olhar para as obras mais emblemáticas de Coimbra, vê bem onde estão as derrapagens. O polo II, da universidade, custou zero euros a mais; o iParque, da câmara, também zero a mais; a Ponte Rainha Santa, do Estado, custou três vezes mais.
Versão completa na edição impressa de dia 28 de abril
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