Autarcas de Basto dizem que despovoamento vai aumentar se encerrarem serviços do Estado

Os presidentes dos quatro municípios da região de Basto alertaram este sábado para a possibilidade de a região continuar a perder habitantes se o Estado prosseguir com o encerramento de serviços públicos.

Para os autarcas de Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena, os dados do último censos, que apontam para a perda de habitantes, provam que o investimento dos municípios em infraestruturas não tem impedido a saída das pessoas para o litoral ou para a emigração.

Joaquim Barreto, de Cabeceiras de Basto, Joaquim Mota e Silva, de Celorico de Basto, Humberto Brito, de Mondim de Basto, e Agostinho Pinto, de Ribeira de Pena, participaram hoje num debate sobre o futuro da região promovido pela Escola Profissional de Fermil de Basto.

“A crise vai levar ao encerramento de serviços e à desertificação”, alertou o autarca de Ribeira de Pena, confessando-se preocupado com os próximos anos.

Os quatro presidentes de câmara reclamam do Estado a manutenção dos serviços existentes, nomeadamente ao nível da saúde, da educação e da segurança.

A propósito, o autarca de Celorico de Basto considerou que os habitantes da região têm razões para “se sentirem portugueses de segunda”, apontando investimentos reclamados há muitos anos, nunca concretizados pela administração central, sobretudo a Variante do Tâmega, estrada essencial para ligar Celorico de Basto aos municípios vizinhos e à A7.

Joaquim Mota e Silva criticou “o centralismo” de Lisboa, que absorve demasiados recursos do país, incluindo alguns gerados na região de Basto, que podiam ser investidos no interior em políticas que combatessem o despovoamento.

Os quatro concordaram que o futuro passa pela aposta no potencial agrícola e florestal, associado ao sector do turismo, que tem ganhado força neste território de transição entre o litoral e o interior.

“Não há desenvolvimento se as pessoas não tiverem emprego”, anotou Humberto Brito, de Mondim de Basto.

Por isso, para Joaquim Barreto, de Cabeceiras de Basto, “a região tem a hospitalidade dos transmontanos e a alegria dos minhotos”, que tem de ser potenciada como “elemento diferenciador”.

Este autarca apontou, por outro lado, a dispersão dos serviços do Estado como um dos factores que mais penalizam a região, sobretudo na “concertação de estratégias e políticas de desenvolvimento”.

Referiu que em diferentes áreas, como a saúde, agricultura, educação e resíduos, os vários municípios dependem de tutelas sediadas em cidades diferentes. Também ao nível do associativismo municipal há dificuldades, com Cabeceiras e Mondim ligados ao Vale do Ave, com sede em Guimarães, Celorico de Basto ao Baixo Tâmega, com sede em Amarante, e Ribeira de Pena ao Alto Tâmega, com sede em Chaves.

A barragem de Fridão, no rio Tâmega, que vai afectar território dos quatro municípios de Basto, é vista pelos presidentes como uma oportunidade para potenciar a empregabilidade e o turismo.

No entanto, os quatro não esconderam o desconforto com os problemas ambientais associados à infraestrutura, exigindo compensações financeiras da EDP, como vincou Joaquim Barreto.

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