Porto e Norte de Portugal, a super-região

O turismo é um sector estratégico e impulsionador da economia portuguesa, gerando fluxos de pessoas, de bens e de capitais, tendo aumentado o seu peso nos últimos anos como representatividade de 11% do PIB nacional. É uma área complexa e transversal a toda a sociedade dada a sua capacidade para criar riqueza, emprego e melhorar o bem-estar dos cidadãos.

Portugal oferece aos seus visitantes uma riqueza patrimonial e cultural, abundância e diversidade de recursos naturais, um clima acolhedor, segurança e afabilidade dos seus habitantes.

Para assumir o turismo como potencial económico, a administração central, sob a responsabilidade do Ministério da Economia e da Inovação, teve a iniciativa de criar linhas de desenvolvimento estratégico do sector em toda a extensão do território nacional, traduzido pelo PENT – Plano Estratégico Nacional do Turismo.

O PENT está estruturado segundo cinco eixos fundamentais, entre os quais se destaca a consolidação e o desenvolvimento de dez produtos turísticos estratégicos, e a concretização de linhas orientadoras para as regiões.

O leque de produtos apresentados foi distinguido segundo os factores distintivos de Portugal: os climatéricos, os culturais e os recursos naturais, traduzindo-se em produtos como a gastronomia e vinhos ou o turismo de natureza.

A par dos produtos, foram desenvolvidas propostas para atribuir a cada região (NUTSII) ofertas distintivas como factor de diferenciação entre as demais, dentro do destino Portugal.
Porem, sobre a região NUTII Norte, o plano estabelece o Porto e o Norte de Portugal como uma única região, apenas com capacidade de se diferenciar com 3 produtos dentro dos níveis superiores e sendo dois deles relativos ao Porto. E a restante região? Ela é composta pelo Minho, pelo Porto, pelo Douro Internacional e por Trás-os-Montes, e por sub-regiões como o Alto Minho, que possuiu uma riqueza e abundância de recursos naturais, de património construído, uma extensão de orla costeira, de serra e vales.

Esta região é extremamente rica e diferenciada a nível físico, patrimonial e, sobretudo, cultural, pressupondo-se ser um erro agrupar estes territórios num só. O modo de caracterizar o território pelos minhotos é substancialmente diferente dos transmontanos e, assim, sucessivamente. Sendo assim, as estratégias a adoptar não poderão ser iguais para a totalidade da região.

Ao analisar os recursos, potencialidades e factores diferenciadores do Porto e Norte de Portugal, tendo em conta os dez produtos estratégicos, veremos que esta região consegue preencher quase na totalidade o quadro representativo. É transversal ao turismo de negócios, ao golfe, ao turismo náutico, ao turismo de natureza, na medida em que possui de forma endógena a «matéria-prima» para estruturar estas ofertas.

Falta apenas a oportunidade de implementação das estratégicas, que segundo este plano não estão complementadas para os demais produtos. A aposta recai sobre a cidade do Porto e o Douro, com relevância para o turismo de negócios como forma de combater a sazonalidade.

Pelo contrário, esta super-região, definida territorialmente no plano estratégico, não contempla o Turismo em Espaço Rural (TER), um produto de excelência com características únicas e distintivas conferida pelos seus recursos naturais, patrimoniais e sobretudo culturais.

Desta forma, um dos instrumentos de potencial estratégico para o alavancar da economia nacional (PENT) não se adequa às políticas regionais que possuem como seu objectivo principal o desenvolvimento sustentável das áreas marginais e desfavorecidas pela sua ruralidade.

Andreia Sousa no 'Planeamento Territorial'
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Comentários

«Porem, sobre a região NUTII Norte, o plano estabelece o Porto e o Norte de Portugal como uma única região, apenas com capacidade de se diferenciar com 3 produtos dentro dos níveis superiores e sendo dois deles relativos ao Porto.

E a restante região? Ela é composta pelo Minho, pelo Porto, pelo Douro Internacional e por Trás-os-Montes, e por sub-regiões como o Alto Minho, que possuiu uma riqueza e abundância de recursos naturais, de património construído, uma extensão de orla costeira, de serra e vales.

Esta região é extremamente rica e diferenciada a nível físico, patrimonial e, sobretudo, cultural, pressupondo-se ser um erro agrupar estes territórios num só. O modo de caracterizar o território pelos minhotos é substancialmente diferente dos transmontanos e, assim, sucessivamente. Sendo assim, as estratégias a adoptar não poderão ser iguais para a totalidade da região.»

Este parágrafo constitui uma óptima análise à situação geográfica e sociológica dos territórios a norte do Douro.

Posto isto, não entendo a insistência em falar-se numa suposta região "norte", ainda para mais chamando-lhe, no cúmulo do centralismo, "Porto e norte de Portugal".
Rui Farinas disse…
Verberar o conceito de " Porto e norte de Portugal" dizendo que se trata do cúmulo do centralismo, ou é demagogia ou falta de reflexão. Não há paises nem regiões sem capital, do mesmo modo que não há sociedades sem classes, utopia que esteve muito em voga. Há que compreender que as capitais não são o problema, o problema é a atitude que elas frequentemente tomam em relação ao restante território.
Caro Rui Farinas:

Lamento desapontá-lo, mas regiões sem capital, há-as sim. A Região Autónoma dos Açores não tem capital. Tem sim, 3 cidades que são sede dos serviços regionais- Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.

Nem sequer é algo exclusivo de Portugal: na Catalunha, que recentemente criou Regiões Administrativas (vegueries), existem regiões que não têm capital.

É uma solução cada vez mais em voga, e a justificação que se dá para o fazer é simples: concentrar o poder todo numa única cidade é meio caminho andado para o centralismo. O conceito de capital é um conceito centralizador, e, hoje em dia, cada vez menos justificado.

Alguém tem dúvidas que, se o poder central não estivesse todo concentrado no mesmo sítio, a atitude seria bem diferente?

Qual a dificuldade em, criando-se uma região, por exemplo, Entre-Douro e Minho, distribuir os poderes por Porto, Braga e Viana do Castelo?
Anónimo disse…
Enquanto os caciques da bola so Porto, alimentados pela politização do futebol, pelo odio a lisboa e alinhados com o iberismo não deixarem de insistir nesta loucura da super região norte, armados em centralistas e colonizadores de minhotos e transmontanos, eles que passam a vida a falar de centralismo, isto não vai a lado nenhum.

Esta gente é de uma insanidade atroz, o objectivo desta gente não é regionalizar nada, é matar Portugal, lançar a guerra norte sul no pais, para esta gente vale tudo, até matar portugal, totalmente alinhados com o iberismo, como é o caso do meneses e restante seita de vendidos.


É isto que estes traidores vão vomitando por aqui e na blogosfera, alguns são tão doentes que até falam de uma junção com os galegos.

Doentes mentais, esquecem-se que há 200 anos foram invadidos pelos próprios galegos, coisa que obviqmente castela nunca permitiria. Não tem nada na cabeça, são meros peões na mão da direita espanhola, e não se dão conta disso. Tenho pena desta gente, e do mal que o futebol lhes faz à cabecinha.

A regionalização só faz sentido no mapa das 8 regiões, por isso deixem-se de iberismo, vocês e ageneralidade dos que defendem o mapa das 5 regiões são uns vendidos iberistas. Traição à patria paga-se caro, e temo que o Porto, cidade invicta e smepre fiel, mas povoada de gente sem o minimo de patriotismo, autenticos condes andeiros e migueis d e vasconcelos, venha a pagar por isso também.
Rui Farinas disse…
Caro Marques Ribeiro, sem pretender alongar a nossa troca de opiniões, gostaria de acrescentar o seguinte.
Apesar dos seus argumentos, continuo a pensar que um país ou região sem capital é como uma sociedade sem classes. No seu exemplo dos Açores, há que reconhecer que formalmente não há uma capital, mas o facto da Presidência do Governo estar em Ponta Delgada torna esta cidade na capital, não obstante o poder legislativo estar noutra ilha. Quanto às vergueries catalãs creio que todas elas têm capital, tal como as Regiões e as Provincias.
Repito a minha convicção que o facto de existir uma capital não origina por si só um fenómeno de centralismo prejudicial para o restante território. Aceito que uma capital possa ter um tratamento moderadamente preferencial, até aceito isto em relação a Lisboa. O que não aceito é que a capital, só por ser capital, fique com a carne toda e deixe os ossos para o restante território. O problema não é a capital, é o modo como exerce as suas prerrogativas.
Devo dizer que julgo ter detectado no seu primeiro texto um grãozinho de anti-Porto, e essa foi a razão do meu comentário inicial. O Porto, quer os seus detractores o queiram ou não,é a principal cidade da região Norte. Eu sei que actualmente, fruto de uma gestão autárquica incompetente e falaciosa, a cidade tem perdido brilho e fica a perder em muitos aspectos para os seus vizinhos, mas tenho fé que na próxima oportunidade um novo timoneiro nos coloque novamente no caminho certo. O Porto não deve, até no seu próprio interesse, nem certamente pretende, constituir-se num novo Terreiro do Paço, mas não pode deixar de reivindicar o lugar que, por razões históricas, económicas e culturais, lhe pertence no contexto da Região Norte, ao mesmo tempo que tem de ser capaz de adequada reacção a ataques que tantas vezes são apenas motivados por inveja (não pretendo afirmar que seja o presente caso).
Já agora, para terminar, uma afirmação colateral.Numa futura e cada vez mais problemática regionalização, sou contra a existência de uma única Região Norte, como está generalizadamente admitido, mas se isto ocorrer nada teria a opor a alguma dispersão de poderes, tipio Açores,mas nunca abdicando do princípio que o Porto deveerá ser o "primum inter pares".
Cumprimentos.
Caro Rui Farinas:

A inexistência de capital não tem nada que ver com utopias nem tem nada de ideológico.
O conceito de capital é um conceito que, nos dias de hoje, não se justifica. Perdeu as razões que o justificavam. Hoje, com as comunicações facilitadas, é muito mais fácil descentralizar. Quais as vantagens disto? É que a descentralização física do poder dificulta a corrupção, o clientelismo, enfim, tudo o que fomenta o centralismo. Já para não falar das rivalidades.

Mais ainda é completamente medieval o conceito de "capital para a maior cidade", embora em Portugal isso pareça não desaparecer- mais um reflexo do atraso crónico do pensamento da nossa sociedade.

Quanto ao meu "grãozinho de anti-Porto", ele não existe nem pode existir. Nasci e vivi até ao ano passado no distrito do Porto. Aliás, num dos concelhos que levou ao extremo a paranóia portuguesa do conceito de capital, ao criar a badalada marca "Capital do Móvel" que, honra seja feita, ficou nas bocas dos portugueses. O que espelha muita coisa...

Simplesmente eu sou contra todo o tipo de centralismo. E acho que, se avançarmos com um dogma da "capitalidade indiscutível", apoiado por certos sectores de algumas cidades de média-grande dimensão, só vamos colocar as restantes partes da região contra a Regionalização.

Esta história não é nova- foi isto que aconteceu nos Açores em 1976 com a "luta de galos" entre as capitais dos distritos extintos com a criação da Região Autónoma: Ponta Delgada, Horta e Angra do Heroísmo.

Aliás, se conhecer açorianos micaelenses e terceirenses e se lhes falar sobre estas duas ilhas, vê que existe uma rivalidade enorme entre eles. No entanto, a região funciona bem, sem problemas de maior. Graças à inexistência de capital, porque, sublinho, tal coisa não existe nos Açores- o poder está bem distribuído entre as 3 capitais de distrito.

No Continente, devemos aprender com as lições do exemplo dos Açores. Isto para evitar os erros que se cometeram em 1998, e se continuam a cometer!

Cumprimentos,
Nuno Alves disse…
O senhor Rui Farinas devem-lhe ter prometido um lugarzinho nesta hipotética região, e daí o servicinho que aqui vai fazendo, juntamente com os demais comparsas todos devidamente catalogados.

Mas é preciso o senhor Rui Farinas perceba uma coisa.

Carissimo, o Porto nunca foi capital de nada, a não ser do distrito do Porto.

Essa de que o Porto tem um lugar histórico a desempenhar na região norte é de um fanatismo doentio e de uma falsificação da história atroz, é uma falácia pegada.

Em primeiro lugar porque não existe nenhuma região norte, é preciso que se perceba de vez.

O que existe é uma NUT II, criada em 2002 meramente para fins estatísticos, criada por um irresponsável chamado Durão Barroso que abandonou o seu pais para ir defender os interesses da elite globalista Bildenberg para Bruxelas.

Esta NUT II nada significa, nem é a base para nenhuma futura regionalização do pais, como os fanáticos e caciques da bola do Porto querem levar em diante á força toda.

Depois historicamente o Porto, tem menos a dizer que Braga ou Guimarães.

Guimarães foi capital de Portugal, Braga é historicamente a capital do Minho.

O Porto nunca foi capital de nada, a não ser a capital da machamba das Antas que não passa de 30 Km á volta do Porto, chefiada pelo "Reizinho" Pinto da Costa, pessoa que devia estar engavetada há muito tempo, só não o está porque a maçonaria iberista que anda a destruir Portugal há anos se tem aproveitado dele para fazer o trabalho sujo de tentar dividir Portugal.

Caso contrário, onde é que este senhor já estava.

Por isso, caríssimo, deixe-se de se armar em centralista e colonizador de Minhotos e Transmontanos, são realidades e culturas diferentes.

E é vergonhoso que os senhores que tanto falam de centralismo agora venham eles armados em colonizadores de Minhotos e Trasmontanos.

Ainda admito o cenário do Entre Douro e Minho, caso os Minhotos queiram, o que não me parece, agora engolir Trás os Montes isso nem pensar, nem eles querem.

Agora é obvio, os senhores não querem regionalizar nada, vocês estão feitos com Espanha e alinhados com o iberismo, basta dar uma vista de olhos pelo blog, para ver isso, eu pessoalmente tenho o seu blog debaixo de olho há bastante tempo, e digo-lhe que isso é um ninho de iberistas traidores que declaram de caras várias vezes que preferem o domínio de Madrid a Lisboa.

Traidores.

O Porto não merecia isto, mas o Porto pode vir apagar no futuro por esta gente, é isso que me assusta a mim que pessoalmente que gosto do Porto, mas também gosto de Lisboa, que é a capital de Portugal há 8 séculos, é preciso não esquecer este dado, não foi ontem, ou há 10 anos que meia duzia de "pérfidos centralistas" decidiram que a capital de Portugal seria Lisboa, foi em 1259 que D. Afonso III o decidiu, não foi ontem nem atrás de ontem nem há 20 anos atrás, foi há quase 8 séculos.

Estes senhores só se estão a enterrar a eles e ao Porto, admito discutir a regionalização mas de uma forma séria, isto do Porto e norte de Portugal é a antítese de uma discussão séria.

Sem mais de momento, despeço-me com cordiais saudações ao senhor Marques Ribeiro, pessoa ponderada e que olha para isto com olhos de ver.
Anónimo disse…
Boa noite,

A propósito da discussão da regionalização do Norte, penso que algumas pessoas laboram num equívoco. Na verdade, o que muitos defendem e discutem, é a regionalização para o "Porto".

Sempre combati o centralismo de Lisboa e a completa falta de racionalização dos recursos financeiros do País, que se encontram e canalizam para Lisboa. Na realidade, Lisboa sempre recebeu mais recursos do que o resto do país. O motivo é simples: tem mais eleitores.
E, assim, é natural que receba mais transferências, sem prejuízo de se aceitar que a área metropolitana produz muita riqueza. Mas, verdade seja dita, não podemos esquecer que muitos recursos são e foram produzidos no interior: floresta, agricultura e electricidade (sim, recorde-se que Porto e Lisboa não produzem electricidade), e que muitos recursos são imediatamente transferidos do interior para serem transformados nas indústrias de Lisboa e Porto.
Contudo, fico surpreendido com os discursos daqueles políticos que defendem a regionalização do Norte, sobretudo se tivermos em conta que muitos deles (a maioria) têm os seus interesses instalados no Porto e, porventura, se perfilam como candidatos a "governadores" da dita região.
Pois, todos os discursos são realizados no Porto, todas as preocupações são para com a cidade do Porto e todos os apelos são para investimentos no Porto. Seja o Metro do Porto (que já tem um défice de 2 mil milhões), seja uma Casa da Música (100 milhões), seja o centro materno infantil do Norte (Norte? devia chamar-se do Porto), etc...
Na verdade, o apelo da regionalização e da descentralização do investimento tem como único motivo os investimentos não no Norte mas no Porto.
E, assim, ficam esquecidos os problemas do verdadeiro Norte e do interior. Os políticos que defendem tal regionalização não falam dos problemas da Cooperativa de Valpaços, de Murça, do NERVIR (zona industrial de Vila Real),da NERBA (zona industrial de Bragança), da Casa do Douro, do comércio tradicional das cidades, vilas e aldeias do interior, das scuts no interior, da linha férrea do Tua... São capazes de defender, com o pretexto da regionalização, o Metro do Porto que já gastou mais de 2 mil milhões, mas para defender um linha férrea do Tua que gastaria cerca de 150 milhões, o silêncio impera porque essa linha não lhes interessa...
Defender a actual e qualquer regionalização do Norte, seria e será sempre defender o centralismo no Porto. Porque são as pessoas de Braga, Amarante, Paços de Ferreira, Viana do Castelo, Chaves, Vila Real, Mirandela, Mogadouro a deslocarem ao centro materno infantil do "Norte"? Porque não são os do Porto a deslocar-se a Amarante, Braga ou Bragança? Tanto dinheiro para este centro, e depois fecham centros de saúde, maternidades no interior do país? Aonde estava a preocupação desses regionalistas? Não os ouvi...
Não os ouvi a dizer: não, não construam aqui no Porto, construam em Braga, em Viseu, em Lamego, em Guimarães... mas reclamam que Lisboa faça o mesmo mas só reclamam para o Porto.
E não pode prevalecer o argumento de o Porto tem mais pessoas, pois, então Lisboa teria razão...
Recordo-me dos serões e debates acerca da regionalização. Aqueles debates numa qualquer fundação ou universidade (do Porto), onde ilustres portuenses marcam um jantar e ficam todos a discutir as virtudes da regionalização, sem saberem o verdadeiro Norte.
Sem conhecerem os verdadeiros problemas dos agricultores de Montalegre, de Mondim de Basto, Valpaços, Vinhais e Ponte de Lima.

A regionalização constrói-se com verdadeiro conhecimento do que se fala e dos problemas que afligem o verdadeiro interior e com soluções de que TODOS possam beneficiar.

Grato pela oportunidade de intervir.
Cumprimentos,