Douro: CCDRN e Missão do Douro temem colapso económico dos pequenos produtores

Vozes contra a decisão de baixar a produção

São cada vez mais as vozes a pronunciar-se contra a decisão do Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) de baixar a produção de vinho do Porto, nesta vindima, para 85 mil pipas, quando, em 2010, tinham sido 110 mil.

Desta vez, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) uniu-se à Estrutura de Missão do Douro, numa tomada de posição comum que alerta para as consequências da decisão do IVDP, sobretudo no quotidiano dos pequenos produtores. O documento conjunto foi tornado público ontem e será enviado a membros do actual Governo e a organismos públicos relacionados com o vinho e com a promoção externa de produtos portugueses.

"Se o plano inclinado em que se encontra a trajectória do vinho do Porto não for invertido, poderemos estar à beira de um colapso económico, social e ambiental no Douro. O "salve-se quem puder" só nos conduzirá ao desastre", avisa o comunicado conjunto.

Em 2001, foram autorizadas 154.000 pipas de vinho do Porto, o que, no intervalo de uma década, se traduz numa redução de 45 por cento face às 85.000 deste ano. Em 2001, o preço pago à produção foi de 1106,83 euros por pipa e, este ano, rondará os 930 euros (menos 16 por cento).

Tendo em conta que este ano serão autorizadas menos 25 mil pipas do que em 2010, na prática, os produtores vão receber menos 23,25 milhões de euros, tendo em conta o referido valor de 930 euros por pipa. Uma redução que irá afectar de forma mais contundente os pequenos produtores.

Foram eles que, no passado dia 27, fizeram uma marcha lenta com os seus tractores nas ruas de Peso da Régua. Nessa acção, várias vozes falaram em espectros de "fome" e "miséria" para a região, devido à decisão do IVDP.

"Se nada for feito, as condições de vida de milhares de pequenos e médios viticultores estarão comprometidas", sublinha a posição conjunta da CCDRN e da Estrutura de Missão do Douro.

Porém, estas duas entidades também propõem soluções: em vez de se privilegiar as melhorias na produção, como tem sido feito predominantemente até aqui, deve-se apostar mais na promoção das vendas, nomeadamente no estrangeiro.

"Exige-se um forte envolvimento dos agentes públicos e privados numa aposta comum voltada para o mercado, a comercialização, a distribuição e a promoção", dizem a CCDRN e a Estrutura de Missão do Douro, que apelam à intervenção do IVDP, da AICEP, da ViniPortugal e da marca Wines of Portugal. "Este é, em última análise, um desafio para o Estado português", apelam.

Neste documento comum são, inclusive, dados alguns exemplos concretos. Os mercados francês e holandês, que registam "assinalável quebra", necessitam de "um esforço de relançamento e consolidação". A isto deverá somar-se uma forte aposta em mercados com elevado poder de compra, como os EUA e o Canadá, ou a "exploração e conquista" de mercados com grande potencial, como é o caso de Brasil, Rússia, Índia e China.

Outra peça considerada chave nesta estratégia é a "adopção ou reforço de acções de marketing que adequem o vinho do Porto a novos hábitos e tendências de consumo".

|Publico|
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