RÉGUA-POCINHO DE COMBOIO ... UMA PAISAGEM INESQUECÍVEL

A maioria dos turistas portugueses que visitam o Douro de barco, normalmente, só conhece o percurso Porto-Régua, efectuando a viagem de regresso de comboio. Contudo, a região mais deslumbrante, entre a Régua e o Pocinho, é muito menos visitada.

O turismo fluvial no Douro, que num passado recente não existia, agora é uma nova realidade e está a ter um forte crescimento, apesar da actual crise económica e, no futuro, da mesma forma que o turismo ferroviário, também poderia ser uma nova oportunidade de desenvolvimento desta zona de Portugal.

A Região do Douro ainda não foi descoberta na sua totalidade, porque um dos maiores problemas existentes deve-se ao facto de estar longe das grandes cidades, como Lisboa ou Madrid. Uma das soluções para alterar esta situação deveria passar por melhorar os acessos por transporte público, criando ligações directas até ao Douro.

NOVAS REALIDADES NO NORTE E DOURO

Uma das infra-estruturas que já existe e que está a potenciar o Douro é o aeroporto Sá Carneiro que, nos últimos anos, quase duplicou o seu tráfego devido às companhias aéreas de baixo custo (Low Cost). Alguns dizem que as Low Cost, em poucos anos, fizeram mais pelo Turismo do norte de Portugal que várias instituições do Estado ao longo de várias décadas.

Devido a estas companhias Low Cost e à TAP, existem voos directos e de baixo custo para as principais cidades europeias e também vários voos diários para cidades como Paris, Madrid, Londres, Genebra, Barcelona e até Faro, que já tem dois voos diários, na época alta. Estas ligações directas permitem a visita aos fins de semana e durante o ano, o que pode trazer mais oportunidades para a cidade do Porto.

O Metro do Porto liga directamente o aeroporto à Estação de Caminho de Ferro de Campanhã e, desde ponto, num percurso de 171,5 Km até ao Pocinho, sendo possível viajar de comboio pelo rio Douro, pois a via contorna o rio desde Mosteirô até ao Pocinho, ao longo de quase 100 quilómetros.

O Museu do Côa, por estrada, está localizado a 12 quilómetros da Estação do Pocinho e, actualmente, a única possibilidade de transporte entre aqueles dois pontos, é através de táxi, mas com um custo de 12 euros, por sentido. Deveria existir autocarro, com a colaboração da Câmara Municipal local, que pudesse levar os passageiros até ao Museu do Côa.

No passado, quem efectuasse uma viagem desde o Porto até ao Pocinho, ficava várias horas a aguardar pela viagem de regresso e, naquele local, pouco havia que fazer. Desde que exista transporte, esse tempo de espera poderia ser utilizado na visita ao Museu do Côa, que abriu ao público em Agosto de 2010 e, em poucos meses, já teve dezenas de milhares de visitantes.

A Linha do Douro deveria ser o meio que poderia interligar o aeroporto, a cidade do Porto e o rio Douro até ao Museu do Côa e até o novo Terminal de Cruzeiros de Leixões também poderá atrair mais turistas à região.

Quanto mais tráfego tiver a linha do Douro, e melhor funcionar, maior benefício resultará para outras vias secundárias como a linha do Tua, Corgo e Tâmega que dela dependem.

OUTROS OBJECTIVOS A ATINGIR


Existem propostas e ideias de reabrir o troço desde o Pocinho até Barca D’Alva e possível ligação ferroviária a Salamanca e, consequentemente, a Madrid mas, até hoje, nenhum destes projectos passou das intenções. Em primeiro lugar, dever-se-ia procurar aumentar o mercado turístico, que já existe, para que, mais tarde, se venham a justificar novas infra-estruturas.

Dadas as actuais limitações financeiras, só será viável pensar em projectos mais simples e baratos, de modo a que possam ser exequíveis. Nesse sentido, deveriam ser estudados os seguintes objectivos para aproximar o Douro de Lisboa:


  • Electrificação da via desde Caíde até à Régua. (57 Km)
  • Possibilidade de circularem comboios directos Lisboa-Régua, aos fins de semana, como já existiu no passado.
  • Tentar reduzir o tempo de viagem Campanhã-Régua (104 Km) para uma hora.
  • Deveria, também, ser dada a possibilidade do transporte ferroviário de passageiros no Douro ser explorado por empresas privadas, ligadas ao Turismo fluvial, de modo a que exista uma total coordenação de horários barco-comboio. Seria uma forma de servir os interesses destes mercados que dependem entre si.

Os horários do troço Régua-Pocinho podem ser consultados no site da CP, pois é a única empresa que explora a via. Quem puder visitar a região de viatura particular poderá deixar o carro junto à estação do Pocinho e tomar o comboio no sentido Pocinho-Régua, para regressar mais tarde ao ponto de partida, porque a Régua tem mais locais a visitar. O passeio é mais interessante de manhã, com sol e céu limpo.

O troço Régua-Pocinho com 68 Km é, sem dúvida, uma das paisagens mais belas de Portugal. Para se ter uma ideia da beleza ao longo deste itinerário, tentar ver as fotos neste site.

|maquinistas.org|

Comentários

Anónimo disse…
Excelente artigo. As fotos do troço Régua-Pocinho estão fantásticas. Parabéns por este trabalho