"O que é que um Governo faz quando quer desviar as atenções daquilo que não faz?"

Autarca ex-PSD acusa Governo de cortar no poder local para 'desviar atenções daquilo que não faz'

O presidente da Câmara de Esposende, João Cepa, acusou o Governo de anunciar medidas de “moralização” do poder local para “desviar as atenções daquilo que não faz”.

“Durante esta semana, ficamos a saber que o Governo descobriu onde está um dos maiores problemas das finanças públicas: nas autarquias locais. Onde mais poderia ser?”, questiona o autarca, no seu blogue.

João Cepa era militante do PSD há 21 anos mas em agosto pediu a desfiliação, devido a “um acumular de situações” que o deixaram “desiludido” com o partido.

Num artigo hoje publicado no seu blogue, intitulado “Mais do mesmo”, Cepa comenta, em tomo crítico, as medidas de contenção anunciadas pelo Governo para a Administração Local, como a redução do número de vereadores e de chefias nas câmaras municipais.

“Não interessa dizer que a dívida total das autarquias é inferior à dívida de uma única empresa pública de transportes ou que está a léguas da dívida das Regiões Autónomas. O que interessa é, mais uma vez, concentrar as atenções nesses ‘bandidos’ desses autarcas, que são uns irresponsáveis na forma como gerem os dinheiros públicos”, escreve.

Sem querer discutir a “necessidade ou bondade” das medidas anunciadas para o poder local, Cepa sublinha que uma chefia de uma Câmara Municipal ganha “10 vezes menos” do que alguns administradores de empresas públicas, “que se mantêm confortavelmente nos seus cargos, mesmo quando estas empresas dão prejuízos astronómicos”.

Acrescenta que as “500 pessoas que já foram nomeadas pelo atual Governo para cargos de confiança política são o equivalente ao total dos vereadores de 83 municípios da dimensão do Município de Esposende.”

“O que é que um Governo faz quando quer desviar as atenções daquilo que não faz? Anuncia medidas de ‘moralização’ do Poder Local”, escreve ainda João Cepa.

O autarca de Esposende lembra que, em campanha eleitoral, este Governo prometeu que apresentaria 15 dias após a sua tomada de posse um plano de redução da despesa pública “como não se via há 50 anos”.

“Já vamos com dois meses de governação e o único corte na despesa que conhecemos advém do congelamento dos salários e das pensões e na imposição aos hospitais da redução, no prazo de 1 ano, de 11 por cento das suas despesas”, critica.

|C Minho|
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