"Devemos olhar para o azeite como uma espécie de ouro líquido"

Invariavelmente no inicio de cada campanha olivícola assistimos a um conjunto de reportagens e comentários sobre a importância desta fileira olivícola.

Poderemos quase dizer que se gera uma sectorial “silly season”…

A afirmação produzida em mais inauguração no Alentejo pela Sra. Ministra da Agricultura deveria ter sido enquadrada na que foi publicada nesses mesmos dias afirmando que o azeite português de elevada qualidade é utilizado para valorizar outros azeite de qualidade inferior ou rotulado sem a devida menção de origem.

Não faz sentido utilizar a palavra “ouro” quando corremos o risco de a estarmos a associar à popular sabedoria de “dar o ouro ao bandido”.

Não faz qualquer sentido falar em valorizar o azeite nacional quando não existe uma Associação Inter-Profissional do Azeite como em qualquer país produtor de azeite da Europa.

Não faz sentido falar em valorizar o azeite nacional enquanto não se estabelecerem quadros legislativos que sejam claros quanto a regulamentos comunitários, como o Reg. CE 1019 que determina claramente as obrigações a inserir na rotulagem quanto à origem.

Não faz sentido falar em valorizar o azeite nacional quando ainda se aceitam regulamentos em que azeite apenas embalado em Portugal possa ser classificado com uma marca que afirma “só é português o azeite português cuja lata tenha esta marca” em mercados como o Brasil.

Mais do que afirmações leves o que é desejável neste momento é saber quais são as efectivas orientações estratégicas nacionais para esta fileira, ou se calhar para todas elas…

Não nos podemos esquecer que foi pelas simples palavras de um anterior Ministro que foi “revogada” virtualmente a legislação que determinava a obrigatoriedade da utilização de embalagens devidamente rotuladas e com cápsula inviolável.

Ainda hoje não existe no consumidor em geral ou nos respectivos sectores económicos a noção de que existe efectivamente legislação e que é efectivamente proibido utilizar galheteiros na mesa de um qualquer restaurante.

A quem governa exige-se mais do que apenas “silly statements”...

ANTÓNIO ALMOR BRANCO
Presidente da AOTAD - Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro
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