Empresas municipais revelam passivo de 2400 milhões de euros

Enquanto o governo centra nas freguesias toda a sua reforma administrativa que, por acaso, são o segmento da administração que consome menos recursos (residuais) e o único que não está endividado vamos, aos poucos, tomando conhecimento dos verdadeiros problemas que afligem o poder local. Aqui, as empresas municipais são, na maior parte dos casos, um exemplo paradigmático daquilo que vai mal nos Municípios portugueses.

As conclusões do Livro Branco das Empresas Municipais, entregues na semana passada ao Governo e ontem divulgadas à comunicação social, apontam para um cenário muito problemático, com um passivo de 2400 milhões de euros e no qual 25% das empresas têm um “nível de endividamento igual a três vezes os seus recursos próprios.

Segundo os dados, as 334 entidades deste sector têm um total de 14.000 trabalhadores, um Valor Acrescentado Bruto (VAB) total de 183 milhões de euros, 43% têm um VAB negativo e 31% possuem um EBITA (resultados antes das amortizações) negativo. Um terço das empresas apresenta resultados antes das amortizações (custos financeiros antes de imposto) negativos.

Sessenta por cento das empresas apenas subsistem à custa dos subsídios à exploração que saem directamente dos cofres dos municípios e o seu passivo passivo não pára de aumentar atingindo valores superiores a 2400 milhões de euros.

Associado a este descalabro financeiro é do conhecimento geral que, grosso modo, as empresas municipais têm servido, na sua larga maioria, para 'agilizar' procedimentos permitindo às Câmaras contornarem o cumprimento da lei e, também, não menos importante, para dar emprego às clientelas (boys) partidárias.
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Comentários

Paulo Rocha disse…
Enquanto os Municípios e o seu sector empresarial gastam milhões interferindo deste modo na consolidação orçamental nacional. O governo vai-nos entretendo com uma 'pseudo' reforma administrativa que não faz mais que extinguir uma série de freguesias que em termos de equilíbrio das contas públicas são inócuas. Estes senhores, afinal, querem enganar quem ?
manuel amaro disse…
Tem toda a razão.
Estes senhores querem enganar os portugueses.
Mas há mais.
Eles, estes, os do atual governo, nem se tinham lembrado de tal coisa.
Mas quando perceberam que o António Costa tinha reduzido as freguesias de Lisboa, de 53 para 27... viram o furo.
Se bem o pensaram, melhor o fizeram.
E aí estão eles, sem ideias, imitanto o António Costa, de régua e esquadro, só para irritar o Exmo Senhor Doutor António José Seguro.
A mim, eles não enganam...