Os activistas políticos e sociais
reunidos em Viseu, a 17 de Março de 2012, nas JORNADAS DA INTERIORIDADE,
proclamam a sua vontade inquebrantável de lutar por um futuro no interior de
Portugal e resistir às politicas “interioricídas” que aprofundam o atrofiamento económico, social e
demográfico das regiões menos desenvolvidas
do nosso pais, onde não desistem
de viver, apesar dos contínuos apelos à emigração, e exigem do governo as
seguintes medidas urgentes:
1. Fim
dos encerramentos de Serviços Públicos
(serviços de saúde, escolas, serviços de finanças, tribunais, estações
dos CTT e outros) que, por diminuírem a qualidade de vida das populações, levam
ao despovoamento das aldeias, vilas e cidades mais recônditas;
2. Anulação
dos aumentos das taxas moderadoras para que as populações do interior e em
particular as franjas mais vulneráveis, como os idosos, não sejam
condenadas a morrer por falta de
assistência médica, devido a estas “portagens” que lhes limitam o acesso aos
hospitais e centros de saúde, quando
cada vez mais lhes escasseia o dinheiro para pagar os aumentos do IVA, dos
medicamentos, dos transportes, do gás e da electricidade;
3. A
suspensão das portagens nas “auto-estradas SCUT” sem alternativas viáveis (A25,
A24, A23 e A22), acabando com este
atentado ao direito à livre circulação que não só prejudica seriamente serviços
públicos, como os prestados pelos bombeiros, como encarece os custos de
transporte das mercadorias que consumimos e
dificulta o escoamento dos produtos regionais, pondo em risco muitas
micro e pequenas empresas agrícolas, industriais e comerciais, alem de também prejudicar o turismo;
4. A
construção de uma via de comunicação estruturante que ligue Montalegre, Chaves,
Vinhais e Bragança;
5. Defesa
do direito das populações, dos organismos públicos e empresas do interior ao
acesso democrático às novas tecnologias, ao sinal digital e a TDT, promovendo a
info-inclusão;
6. Investimento
público que promova o desenvolvimento sustentável do interior e discriminação
fiscal para as empresas com principal actividade sediada no interior, no
sentido da criação de emprego de modo a fixar as populações, em particular os
mais jovens;
7. Aumento
do financiamento das universidades e dos institutos politécnicos, que
constituem importantes pólos de desenvolvimento do Interior, para impedir o
aumento da propina máxima proposto pela CRUP,
bem como o reforço da acção social escolar, mormente das bolsas de
estudo, de modo a estancar o dramático abandono escolar de milhares de
estudantes do ensino superior;
8. A
criação de medidas de apoio ao investimento, adequadas às pequenas explorações
agrícolas familiares, e de apoio aos agricultores das regiões do interior mais
afectadas pela seca, nomeadamente através da criação do seguro de rendimento e
da reposição do benefício nos seguros de colheita, e a institucionalização do
Banco de Terra que permita que muitos desempregados de outros sectores de
actividade, ou jovens à procura do primeiro emprego, possam ter na agricultura uma perspectiva de futuro, bem
com outros agricultores que pretendam redimensionar as suas explorações;
9. Preservação
do domínio público da gestão, titularidade e abastecimento da água;
10. Apoio à
produção, divulgação e comercialização dos produtos endógenos das regiões do
interior, desde o artesanato, aos enchidos, ao
queijo da serra, ao vinho e à fruta.
11. Apoio aos
projectos culturais e artísticos que espelham a alma e a criatividade do nosso
povo e definem o espaço identitário das regiões do interior, facilitando o
desenvolvimento local a partir do nosso vasto património cultural, numa
perspectiva da “glocalização” (pensar global, agir local”), de modo a promover
a cooperação transfronteiriça e o cosmopolitismo intercultural;
12. Suspensão
da instalação de linhas de muito alta tensão na região do Alto Douro
Vinhateiro, que pode pôr em causa a classificação de Património Mundial da
UNESCO;
13. Suspensão
da construção da barragem do Tua que vai destruir o vale e a Linha do Tua,
prejudicando as populações e o seu património natural e paisagístico;
14. Reabertura
do troço da Linha da Beira Baixa entre a
Guarda e a Covilhã, depois da sua urgente modernização e a reabertura da Linha
Beja-Funcheira e sua electrificação, como via de ligação do interior alentejano
ao Algarve;
15. Mais
celeridade na recuperação ambiental das
minas desactivadas, em particular das minas de urânio e a sua posterior
monitorização, bem como a concessão de indemnizações às viúvas dos mineiros
falecidos devido à exposição à radioactividade, e o urgente cumprimento do
programa de acompanhamento médico periódico e gratuito aos ex-trabalhadores das
minas de urânio, aos seus conjugues, ou
pessoas que com eles vivam em união de facto, e descendentes directos, como previsto na Lei nº 10/2010, de 14 de Junho;
16. A sujeição
obrigatória a Consulta Popular de qualquer proposta de extinção ou fusão de
freguesias, as autarquias de maior proximidade às populações, recusando a
imposição governamental de agregações ou fusões forçadas.
17. A
concretização do imperativo constitucional da Regionalização.
Viseu, 17 de Março de 2012
Comentários
C n cumprts
AdM
http://amigosdemontalegre.blogs.sapo.pt/
......................
Muito obrigada pelas V/s palavras elogiosas sobre o 'Regionalização'.
Podem contar connosco para a divulgação de 'Montalegre' terra que nos últimos anos tenho visitado pela altura da Feira do Fumeiro.
Cumprimentos,