Reforma (!) autárquica aquece

ANAFRE pede calma a Miguel Relvas
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O vice-presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), Cândido Moreira, pediu calma ao ministro dos Assuntos Parlamentares, considerando que este tem feito declarações que podem "incendiar" o clima pacífico desejado na manifestação de dia 31.
 

Na segunda-feira, ao referir-se à manifestação nacional contra a proposta de reforma administrativa do Governo, o ministro Miguel Relvas disse que "gostaria de dialogar", mas frisou que "não conhece mais critérios nenhuns apresentados pela oposição ou pela ANAFRE". 

Para Cândido Moreira, autarca da freguesia de Padronelo (Amarante), estas declarações são "perigosas, porque vêm incendiar o clima pacífico" que a ANAFRE quer dar à manifestação. 

"O senhor ministro, ao lançar aqui mais uma acha, está a criar alguma dificuldade à própria ANAFRE e está a criar muita dificuldade a ele próprio, que não está a conseguir ler o problema tal qual ele é e a extensão que pode vir a ter", afirmou.

No seu entender, "é preciso alguma calma de todos para que isto se leve a bom porto", porque a ANAFRE não está nem contra o Governo, nem contra a reforma, mas sim contra a forma como está a ser feita. 

"O senhor ministro tem que ter calma, porque nós só fazemos as reformas com as pessoas. É preciso saber ler os sinais e a ajuda que podemos dar a este Governo é ajudá-lo a ler os sinais que temos nos terrenos. E é isso que nós temos feito até agora", frisou. 

Cândido Moreira rejeitou a ideia de que a ANAFRE anda "a criar algum alarme social e a instigar até alguma má vontade contra o Governo" e garantiu que só está a "dar voz e corpo à indignação que se sente em todo o país", nas freguesias e nos municípios. 

"Há movimentos locais por todo o lado, de indignação. A ANAFRE tem tido aqui um papel de alguma contenção e o senhor ministro não o tem reconhecido", lamentou. 

Respondendo directamente à crítica de Miguel Relvas, Cândido Moreira esclareceu que a ANAFRE apresentou a única proposta que considera exequível, que é "deixar os municípios, as freguesias e as populações fazerem a sua malha local", consoante as suas particularidades. 

A ANAFRE criticou que o Governo tenha arranjado "um número fixo de 1400 autarquias a extinguir, o que dará 2800 a perder a sua identidade", e que todas as propostas tenham sido "sempre trabalhadas" em função desse objectivo. 

"Conhecemos demasiadamente bem o território, conhecemos demasiadamente bem o problema, não podemos partir de um número fixo para fazer tudo o resto. Estas questões deviam partir ao contrário", realçou, considerando que deviam ter sido feitos "alguns estudos sustentados dos ganhos de eficiência para as freguesias" que servissem de base à reforma.

@Lusa / Publico
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