Não é que a presença do
primeiro-ministro, de ministros ou de secretários de Estado resolva os
problemas do Algarve e dos algarvios, e muito menos será o caso da ausência de
tais provocar uma crise de soberania no território, mas nota-se que o Algarve,
para estes atuais governantes, só conta para banhos, como para os anteriores só
contava para umas sessões de propaganda com anúncios de medidas para nada ou
para muito pouco.
Com este governo, para além do pouco que ficou na memória, umas três ou quatro pesquisas no Google dão a ideia de como o Algarve desapareceu da agenda política de Lisboa.
Experimente-se colocar no Google as palavras “primeiro-ministro + visita + Algarve” e os resultados que surgem à cabeça referem-se a visitas de Sócrates em 2009 e em 2007, e logo uma outra de Durão Barroso, em 2003 (!), às zonas algarvias mais afectadas pelos incêndios desse ano…
Caso se pesquise por “ministro + visita + Algarve”, por aí aparece o ministro da Saúde, Paulo Macedo, em agosto do ano passado. Quanto ao resto já se refere ao anterior governo, sendo algumas de tais visitas para esquecer pelas promessas incumpridas e pelas considerações de verbo de encher.
E caso ainda se tente
pesquisar por “secretário estado + visita + Algarve”, os resultados são
igualmente escassos. Por aí consta a visita do secretário de Estado Adjunto da
Economia e do Desenvolvimento Regional, António Almeida Henriques, a 4 de maio,
no âmbito do programa «Empresas à Sexta no Algarve» e para uma reunião com
presidentes de câmara, em Faro.
Para além disto, a
visita (21 de janeiro) do secretário de Estado da Agricultura, José Diogo
Albuquerque, a qual, segundo comunicado oficial, se destinou “exclusivamente”
ao contacto com os novos dirigentes da direção Regional de Agricultura e Pescas
do Algarve, e antes desta visita, uma outra, em dezembro de 2011, do secretário
de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, que por
aí, entre outras coisas, foi inaugurar um centro católico intitulado “Três
Pastorinhos”, como em todo o sempre Suas Excelências gostam de inaugurar
qualquer coisa no Algarve.
Aliás, antes de se
decidirem por uma visita ao Algarve, a pergunta da praxe no gabinete é: “E há
qualquer coisa que possa ser inaugurada para esses pastorinhos algarvios?” Fora
destas aparições pouco mais há de governo presente no Algarve. Sim, por aí
tivemos a secretária de Estado Turismo, Cecília Meireles, por duas vezes
(outubro de 2011 e em abril), e pelas duas vezes a dizer banalidades e coisas
óbvias, muito obrigado.
É de esperar que, em
agosto, as revistas sociais e alguns pacóvios cá da terra dêem conta da vinda a
banhos do primeiro-ministro nas dunas, de ministros nas falésias e de
secretários de Estado nas arribas, entrando brancos e saindo bronzeados.
Tem sido sempre assim
nos últimos dez, vinte anos. Para o poder, o Algarve é algo muito útil entre
duas braçadas no mar, se sabem nadar, ou para duas fotos sociais em calções às
florinhas, caso tal vida privada seja surpreendida a esticar-se na areia. Para
além disto, o Algarve desapareceu e, segundo parece, continuará desaparecido
das preocupações do governo e da agenda política dos governantes.
CARLOS ALBINO
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