O que se pisa é ouro no Planalto de Jales .
Prospeção
e pesquisa de ouro estão em vias de regressar a uma região que teve das mais
importantes minas do Império Romano. Habitantes e autarcas perspetivam dias
melhores.
No
Planalto de Jales, em Vila Pouca de Aguiar, diz-se que o que se pisa é ouro. A
história parece confirmá-lo.
As
minas de Tresminas terão sido das mais importantes do Império Romano e eram
geridas diretamente pela guarda do Imperador. O auge da exploração de ouro terá
ocorrido durante os séculos I e II. Depois, também os portugueses exploraram o
filão do ouro em Campo de Jales até meados dos anos 90.
Augusto
Silva foi mineiro durante 33 anos. A uma profundidade de 650 metros, o trabalho
era duro, mas orgulha-se de ter tocado ouro com as suas mãos. "Tirei
muitas toneladas de ouro cá para fora", conta. O minério extraído da Mina
vinha em pedras: "Eram pedras em azul que tinham algumas pintinhas em
amarelo, que é o arsénico. O azul é que era o ouro".
Luís
Delgado também trabalhou nas antigas Minas de Jales e não tem dúvidas de que a
zona "é rica em ouro". Sustenta a sua convicção com "as próprias
pesquisas que têm sido feitas" e não esconde a satisfação por ver o
regresso das prospeções - e possível exploração de ouro - à terra. "Será
uma grande riqueza, será ouro sobre azul."
O
fecho das minas foi um duro castigo para a região, mas o sol pode voltar a
brilhar devido a um concurso lançado pelo Governo para retomar a prospeção e
pesquisa de ouro. Norberto Pires, presidente da Junta de Freguesia de Vreia de
Jales, diz que a história confirma a existência de subsolo dourado e perspetiva
um futuro rico, já que a exploração de ouro "fixará de nova as pessoas na
terra".
Norberto
Pires refere que, "desde o fecho das antigas minas até agora, houve uma
perda de população na ordem dos 20%". "Da forma como está, tudo será
oportunidade para fixar pessoas e atrair outras e assim desenvolver a economia",
sublinha.
Trinta
quilos de ouro por mês
Atrair
pessoas e desenvolver o concelho é também o que antevê Domingos Dias,
presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, que sorri com a possibilidade de
voltar a ser explorado ouro no concelho. "Chegaram a trabalhar 800
trabalhadores nas minas de Jales, no pico das explorações, e eram extraídos 30
quilos de ouro por mês - um quilo por dia", revela.
O
autarca realça que há "uma mais-valia muito grande em Jales", que
espera ver repercutida no concelho "com a criação de emprego e de riqueza".
A passada quinta-feira pode bem ter sido um dia de ouro para as terras de Jales - foi conhecida a empresa que vai fazer prospeções e pesquisas do metal precioso. Ao
vencedor (firma canadiana Almada Mining, em consórcio com a portuguesa EDM) foi concedida uma área para a exploração experimental pelo período de
três anos e uma outra área adjacente para prospecção e pesquisa.
Nesta
primeira fase, a empresa tem um caderno de encargos que prevê um
investimento que ronda os dois milhões de euros. Passados os três anos
iniciais, pode ser solicitada uma concessão definitiva e, com isso, pode
arrancar a exploração normal. Caso se concretize, prevê-se que o investimento
possa rondar os 100 milhões de euros.
@DT
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