Como
é sabido, os municípios debatem-se neste momento com a exigência de
apresentarem à Assembleia da República, até 15 de Outubro, as suas propostas
para reorganização do território das respectivas freguesias.
Se os municípios
não o fizerem em tempo útil, será uma unidade técnica a funcionar junto da
Assembleia da República que terá de se pronunciar sobre a reorganização das
freguesias. Com o critério e a ponderação que é fácil antecipar a partir de São
Bento…
Segundo
uma nota informativa da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Norte, a “reorganização administrativa territorial autárquica insere-se no
âmbito da política reformista que o XIX Governo Constitucional pretende
desenvolver em sede de poder local e do objetivo de garantir a consolidação
orçamental e a sustentabilidade das contas públicas decorrente do Programa de
Assistência Económica e Financeira (PAEF) assumido por Portugal com a Comissão
Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu”!
Já
muito se falou sobre esta reforma – que merece a oposição da maioria dos
autarcas e das próprias populações – e é comum o entendimento de que não é
agregando umas centenas ou até mais de um milhar de freguesias que o país
resolverá os seus problemas estruturais do défice orçamental ou da dívida.
Pode
ficar o exemplo, e a reorganização até se justificará aqui e ali, mas a verdade
é que as freguesias não passam de uma agulha no palheiro da despesa pública.
Se
o Governo queria mostrar serviço então devia dedicar-se a sério à reforma do
território. O Governo anterior aprovou o Plano Nacional de Ordenamento do
Território e os subsequentes Planos Regionais, metade das autarquias está a
rever os seus Planos Diretores Municipais e agora, do pé para a mão, vamos
agregar freguesias, com os seus núcleos urbanos, industriais e rurais, sem isso
estar integrado com aqueles instrumentos de planeamento?
Prioritária devia ser
a reforma dos municípios, das suas competências e atribuições. Urgente é decidir
sobre os domínios reservados à gestão das áreas metropolitanas e das
comunidades intermunicipais. Essencial é preparar o país para a regionalização
administrativa.
Como
os decisores estão em Lisboa e mal conhecem o país, para eles agregar
freguesias resume-se a juntar umas quantas freguesias pequenas de Lisboa e, vá
lá, do Porto. O que se passa na “província” pouco lhes interessa.
O Governo e a
troika ficaram extasiados com a possibilidade de cortar umas centenas de
freguesias, sem cuidarem de verificar que isso é irrelevante para assegurar o
desenvolvimento sustentado e integrado de todo o território nacional e uma
melhor gestão dos recursos públicos e comunitários.
Além
destas questões, convém lembrar duas outras: estamos a praticamente um ano das
próximas eleições autárquicas e os autarcas em funções não foram mandatados
para tomarem decisões sobre a reorganização das freguesias. A legitimidade
eleitoral não é uma coisa de somenos quando falamos em questões de território,
que terão reflexos para as próximas gerações.
O
Governo colocou os autarcas perante a obrigatoriedade de se pronunciarem sobre
a reorganização do território sem que os seus munícipes tenham sido chamados a
validar essas opções. Aliás, a generalidade dos autarcas tem-se furtado ao
diálogo com as populações e procura limitar esta discussão às sedes partidárias
e aos órgãos autárquicos. Já que esta matéria da reorganização administrativa
não foi alvo de debate pré-eleitoral ao menos que se criem as condições para a
participação das pessoas nessa discussão.
Como
se tudo isto não bastasse para justificar uma reflexão mais aprofundada,
parece-me evidente que não é uma decisão que se deva tomar a um ano de
distância das próximas eleições. Se é para ir por esta via, seja ou não por
imposição da troika, então que esta matéria seja alvo de debate franco em cada
município ao longo do próximo ano, deixando os portugueses decidirem com o seu
voto perante as propostas apresentadas por cada partido ou movimento independente
que se candidate às autárquicas de 2013.
Comentários
Reforma sim e com os municipios (com dividas astronómicas) e a criação das Regiões Administrativas.
Haja coragem
Como o que está em jogo é uma poupança de pouco mais de 6 milhões de euros, penso que o país e as suas populações teriam a ganhar com o adiamento da reorganização das freguesias pois permitiria fazer-se um trabalho como deve ser ou seja devidamente estudado, fundamentado e com a participação das populações locais.
Estou de acordo consigo, não há nenhuma reforma administrativa se não envolvermos a regionalização e os municípios.
Quando falamos de dívidas dos municípios é de elementar justiça que não se ponham todos no mesmo saco pois, felizmente, há mais de uma centena de câmaras bem geridas.
Cumprimentos,
Amigo Felizes vamos continuar a pugnar pela dignificação do poder local com seriedade.
informação sobre o proximo encontro de auatrcas de freguesia às 15 do dia 15 em Matosinhos o placard de hoteis (c/piscina ou s/piscina) , sei que não sou politicamente correto , mas temos q dar o exemplo porque senão as populações também já não acreditam nem nos Presidentes de Junta. Será que haverá necessidade. e já agora porque não por o roteiro das marisqueiras.