Se
deixarmos de parte pequenos países, como o Luxemburgo ou Mónaco, Portugal é o
país mais centralizado da Europa, considerado o centralismo pelo volume do
dinheiro público que é distribuído pelos vários níveis geográficos de
administração do Estado.
Além
de centralista, o Estado em Portugal é desconfiado e ineficiente.
O
centralismo é desconfiado, porque entende que nas vilas e pequenas cidades do
“interior” (a menos de 2 horas do mar!), o dinheiro é especialmente mal gasto,
em rotundas, pavilhões e não sei que mais e aí abunda a corrupção. Por isso, é
melhor serem alguns a decidir na capital (onde todos são sérios, está bom de
ver…).
Mas
como e quem cria um banco como o BPN? Como e quem faz e explora auto-estradas e
constrói escolas? Como e quem decide e ajuda a comprar submarinos? Além disso,
este centralismo, que gera a dependência desde as aldeias, vilas e cidades
distantes do processo de decisão (porventura próximo de Lisboa), cria a
desconfiança de muitos face aos poucos que decidem na capital, normalmente
confundidos com os “políticos”.
Dito
de outra forma, o centralismo é mau para a democracia.
O
centralismo é ineficiente, porque os ministérios e secretarias de estado
comunicam mal entre si, não olham uns para os outros na hora de ver onde ficam hospitais
relativamente a escolas ou parques urbanos, nem pensam se a melhoria nos
serviços, por exemplo pelo comboio, evitaria o alargamento da auto-estrada ao
lado.
Regras
e mais regras, somados a reguladores e necessidade de escapar ao controle
(estatístico) do aumento do défice e endividamento, levam a criar institutos,
parcerias e fórmulas as mais variadas de empresas mistas, públicas e privadas
(na escala central como local), além de ocorrer a privatização de serviços
públicos, o que faz com que a decisão demore a ter efeitos e a gestão global
seja um exercício quase impossível.
Dito
de outra forma, o centralismo é mau para a economia.
Além
de centralista, desconfiado e ineficiente, o Estado está a ficar duplamente
centralizado, já que nas regiões autónomas (na Madeira, muito especialmente) e
nos municípios (alguns sim, outros não), se reproduzem os tiques de centralismo
nacional, acrescido da concentração numa única pessoa (o presidente),
associando-lhe o destino de uma terra.
Subsídios
a jornais (mais publicidade) e a clubes de futebol (mais publicidade) ajudam
muito a este “todo-poderosismo”, para o que contribui o alargamento da
influência do partido do poder por alguns destacados membros às instituições
mais relevantes (como misericórdias e associações culturais), mais a “gestão
criteriosa” dos concursos para obras, ou do recrutamento e promoção de
funcionários.
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