Em 2008 a Islândia foi atingida por uma crise
financeira sem precedentes na sua história. O seu sistema bancário afundou e o
desemprego subiu. A sua moeda desvalorizou mais de 50%. Os Preços ao consumidor subiram 26% desde 2008.
O governo foi vaiado, com raiva, nas ruas pelos eleitores
desanimados. Os jovens fizeram as malas.
Como na zona euro, o Fundo Monetário Internacional
serviu de para-quedas e avançou com um resgate. A sua moeda perdeu metade do
seu valor o que impulsionou as exportações e limitou as importações caras, como
os automóveis. A coroa enfraquecida foi difícil para os proprietário que
pediram empréstimos em moeda estrangeira, mas os políticos da
Islândia souberam construir um sistema legal que propiciou o alívio das
hipotecas.
Esse resgate, por sua vez, pesou sobre o sistema
financeiro. Mas, ao contrário da Irlanda, a Islândia deixou os seus bancos
falirem imputando desta forma grande parte dos prejuízos aos credores
estrangeiros deixando de fora os contribuintes islandeses.
A Islândia teve, também, que impor medidas
draconianas de controlo aos movimentos de capital — um anátema para a doutrina
da União Europeia de fronteiras financeiras abertas — que evitou os voos
aterrorizantes do capital e do crédito como o que está a acontecer na Grécia,
Irlanda e Portugal e começa agora a ser testado na Espanha e na Itália.
Assim, em vez de centrar tudo na austeridade que tem
devastado os países intervencionados da zona euro, a Islândia não seguiu este
caminho e, inicialmente, o país aumentou mesmo os apoios financeiros para
assistência social aos seus cidadãos mais pobres. Este tipo de despesa foi
virtuosa e ajudou a amortecer a economia.
Agora a Islândia está a crescer. Desemprego diminuiu.
Emigração diminuiu.
Islândia tem uma vantagem significativa sobre os
países da zona do euro sobre 'stress' — uma moeda que pôde ser desvalorizada e,
por esta via, tem transformado o seu deficit na balança comercial em superavit
e tem promovido a sua recuperação económica e financeira.
A Islândia com a sua própria moeda, o seu próprio
banco central, política monetária, a sua própria tomada de decisão e suas
próprias regras — tem ferramentas e opções políticas que os países da zona do
euro não dispõem. Este sucesso da Islândia é uma lição viva para os países da
zona euro em dificuldades que desistiram destes instrumentos quando aderiram à
União Monetária. Talvez tenha chegado o tempo de se fazer uma reflexão séria
sobre se é possível sair e se deve sair do euro.
Em
jeito de conclusão podemos afirmar que, em 2008, a Islândia foi a primeira
vítima da crise financeira que teve um impacto brutal na sua economia, mas
passados menos de 4 anos a sua economia dá sinais de grande pujança com
previsões que apontam para um crescimento que é o tripulo da EU.
Enquanto
isto, países como a Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e mesmo a própria Itália
continuam mergulhados numa espiral de austeridade, sem fim à vista, que só têm
trazido recessão e empobrecimento generalizado. As decisões fundamentais para o
futuro destes países acabam, na prática, por ficar nas mãos dos políticos
alemães, limitando-se as populações a contemplar sucessivas vagas de
austeridade.
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Comentários
Apoiado!
No mínimo, devemos-nos questionar se esta continuação de Portugal na zona euro não está a comprometer o nosso futuro coletivo.
Cumprimentos
A Islandia nunca fez parte de nenhuma, por isso é dificil comparar.
A manterem-se as condições atuais na zona euro em que são impostas sucessivas vagas de austeridade aos países em dificuldades remetendo-os ao empobrecimento progressivo, não podemos, nem devemos, descartar a hipótese de pura e simplesmente fazermos uma saída controlada da moeda única.
É aqui que entra este exemplo Islandês que vem demonstrar que há sempre outros caminhos.
E era bom que antes de nós a Grecia saisse. Assim poderiamos observar e comparar perfeitamente o que nos poderia acontecer.