Entidades regionais de turismo em pé de guerra.
O recente apoio expresso por cinco
entidades regionais de turismo (ERT) – Porto e Norte, Centro, Lisboa e Vale do
Tejo, Alentejo e Algarve – à proposta de reestruturação está a dividir o setor,
tendo já sido repudiado pelas outras seis ERT que não se consideram
representadas no diploma legal.
Recorde-se que a reunião entre as
cinco regiões deixou de fora as ERT do Oeste, Douro, Litoral Alentejano,
Alqueva, Serra da Estrela e Leiria-Fátima que, num comunicado conjunto, alegam
não reconhecer qualquer legitimidade ao primeiro grupo para representarem as 11
ERT existentes.
Convictas de que seria possível
chegar a um consenso sobre a proposta de reestruturação das entidades regionais
do turismo, as seis excluídas da reunião acusam as restantes cinco de
promoverem “o confronto e divisão” entre os 11 organismos. Uma atitude que
atribuem “desígnios expansionistas, que ofendem os territórios que nos cabe
defender”.
As seis entidades afirmam-se ainda
“abertas ao diálogo” com vista ao “aperfeiçoamento do projecto-lei”, por forma
a impedir “graves consequências no que significará de reforço da macrocefalia
turística e quebra de construção duma realidade turística regional,
pacificamente construída ao logo de quase seis décadas”.
Os seis organismos manifestam
ainda solidariedade para com as associações de turismo de Lisboa e do Porto,
responsáveis pela promoção turística, e o “seu desejo de verem consignado na
lei a sua completa autonomia de gestão nas respetivas áreas metropolitanas”.
Recorde-se que a nova versão da proposta
de reestruturação das entidades regionais do turismo, que está a dividir esses
organismos, extingue, por fusão, os seis polos de turismo que serão fundidos em
cinco regiões e cuja área de intervenção é definida de acordo com as unidades
territoriais NUTS II. Assim, o polo do Douro passa a integrar a entidade
regional Turismo do Porto e Norte de Portugal, enquanto a Serra da Estrela e
Leiria-Fátima passam para a Turismo do Centro. O polo do Oeste integra a
Turismo de Lisboa e Vale do Tejo e o Alqueva e Alentejo Litoral são integradas
na Turismo Alentejo.
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Comentários
Na perspetiva das regiões administrativas preferia o modelo (1+1) o Norte + Área Metropolitana do Porto.
Esse modelo 1+1 não faz sentido porque o Porto é o Norte. São a mesma coisa. O Minho, Tras os Montes e Douro têm nome e esse nome não é Norte. Não me interessa o nome designado na comunicação de Lisboa e Porto. Sei o que as pessoas cá pensam.
Continuará a centralização de turistas no Porto, pois é a unica marca turistica representada. Os restos continuarão a empobrecer.
O exemplo do turismo é muito bom para perceber o que poderia acontecer caso houvesse regionalização. Aqueles que fazem parte do "resto" ficariam ainda pior.
No limite o que o meu amigo quer dizer é que o Porto é o Norte e o centralismo radical vigente é melhor que a instituição de uma Região Norte.
Tem todo o direito a pensar o que quiser, mas é, também, por este tipo de pensamento, exageradamente localista, que o país está como está e o referendo de 1998, mesmo contemplando 8 regiões, viu o 'não' ganhar com grande expressão, exatamente no Norte.
Acertou na análise que fez ao meu comentário.
Apenas retiraria o "exageradamente localista", pois isso fica ao criterio de cada 1. A minha concepção de regiões é diferente da sua. Eu não considero o Norte com mais de 40% da pop. do país uma região. Defender Minho e Tras os Montes como regiões não me parece exageradamente localista. A % dessas regiões no total do país fala por si.
O país esta como está por 1001 motivos, a centralização é apenas 1 deles.
Se o "não" ganhou no norte é porque as pessoas não quiseram ir de mal para pior.
"As pessoas não quiseram ir de mal para pior?"
Será que li bem?
Que autoridade temos nós, o país mais atrasado da Europa Ocidental, e, não por coincidência, o único centralizado, para dizer que o modelo de governação regional que é usado, de uma maneira ou de outra, em países muito mais avançados, com Estados mais eficientes e menos corruptos, e com menos desigualdades regionais, é pior que o nosso?
Portugal está farto de achar que descobriu a pólvora. Estou farto de ler, ouvir e ver gente defender um centralismo que já não existe em nenhum país desenvolvido e que já deu provas de ser uma das principais causas do atraso de Portugal.
Aparentemente, mesmo no estado em que estamos, há gente que continua a achar que Portugal é uma Meca do desenvolvimento, e que os nossos modelos políticos é que são bons, enquanto os do resto da Europa Ocidental são péssimos.
A Regionalização, por tudo isto, é algo tão óbvio que só por interesse dos que beneficiam com o centralismo ainda não foi concretizada. E isso só acontece porque o grosso da classe política portuguesa beneficia com o centralismo.
Mas se quisermos continuar a alimentar esta situação, força, critiquem a Regionalização que estão no caminho certo...
Cumprimentos,
A definição do modelo é muito mais importante do que o "sim" ou o "não" nas urnas.
Um mau modelo poderia piorar a situação economica em muitas regiões.
O exemplo do turismo é 1 bom exemplo disso. Como é que se explica o declineo de turistas no Minho e em Tras os Montes enquanto que o Norte no seu conjunto cresce em turismo?
Explica-se com uma regionalização mal feita, em que se criou o nome Porto e Restos. O resultado esta à vista. Porto ganha e Restos perde, como é obvio.
O discurso de fazer só por fazer não pode vingar. Há que discutir modelos que é o mais importante.
Já que falou na crise que Portugal vive, repare que estamos numa zona economica monetária feita à medida de economias super competitivas. Se tivessemos pensado nas consequencias disso, não teriamos entrado no euro e estariamos melhor um bocado. Ou então teriamos discutido o modelo, e teriamos por exemplo uma politica fiscal comum (ou pelo menos com menos diferenças entre paises) e um grande orçamento que se direcionasse para proteger as regioes mais afetadas pela variação cambial. E muitas mais coisas há para discutir neste modelo. Como não quiseram discutir o modelo, o resultado esta à vista.
Mais vale não fazer nada do que fazer mal.