Comércio externo - Portugal com excedente comercial no ano passado

A balança de bens e serviços com o exterior registou um excedente de 111 milhões de euros no ano passado,  o que compara com um défice de 6,5 mil milhões de euros em 2011, segundo dados ontem divulgados pelo Banco de Portugal (BdP).

De acordo com os números do banco central, o défice da balança de bens caiu perto de 40% em 2012, passando de 14,2 mil milhões em 2011 para 8,6 mil milhões de euros. Ou seja, registou-se uma melhoria de 5,6 mil milhões de euros. Um valor que se explica pela subida das exportações e queda das importações (fruto da forte contração interna ao nível do consumo e do investimento).

O défice que persistiu nos bens foi, segundo o BdP, compensado pela venda de serviços. Apesar de as exportações de serviços terem sofrido uma ligeira descida de 0,3%, quedando-se pelos 19 mil milhões, as importações caíram ainda mais, cerca de 9%, para os 10,4 mil milhões (dando assim um excedente de perto de 8,7 mil milhões).

De ambos os lados, o comportamento mais negativo surgiu dos serviços prestados pelas empresas. Nas exportações, a descida foi de 823 milhões (afetando sectores como a construção), que acabou por ser compensada pela subida dos transportes,  viagens e turismo.

Deste modo, Portugal conseguiu, como afirma o BdP, "um excedente nas balanças de bens e serviços de 111 milhões de euros em 2012, o que compara com um défice de 6,5 mil milhões de euros em 2011". Tal como já fora sublinhado pelo banco central, esta é a primeira vez que tal acontece desde 1943.

A forma usada pelo BdP para apurar os dados dos bens, que depois os cruza com os dos serviços é, no entanto, distinta da do INE (que não analisa os serviços). Segundo os critérios do INE, o saldo negativo da troca de bens foi de 10,6 mil milhões (mais dois mil milhões do que o apurado pelo BdP), que não seria compensado pelos serviços.

O banco central refere ainda que Portugal apresentou em 2012 uma "capacidade líquida de financiamento externo".

superavit na balança corrente (balança comercial, rendimentos e transferências como remessas de emigrantes) e de capital (entradas e saídas de dinheiro, como empréstimos e investimentos), foi no seu conjunto de 1,3 mil milhões de euros, ou seja, o equivalente a 0,8% do PIB.

As exportações estão, no entanto, a ser penalizadas pelo mau comportamento económico dos parceiros europeus. Foi isso, aliás, que levou Vítor Gaspar a atualizar as suas previsões para uma contração do PIB de 2% este ano.


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