Excerto dum artigo no jornal O
Comércio do Porto de 1 de Fevereiro de 1891, de Rodrigues de Freitas,
intitulado Economia e Moralidade:
“A situação financeira de Portugal chegou a tais condições que, para serem eficazmente combatidos, os males de que elas nos ameaçam em nossa reputação e em nossos interesses, é indispensável inteligente patriotismo, perseverante de dedicação pelo bem público.
O terrível acumular de dívidas
correspondentes a sucessivos deficits provêm não tanto da necessidade de
efetuar despesas próprias de um povo progressivo, como do muito egoísmo que pôs
toda a sua atenção, todo o seu cuidado, em viver e medrar à custa do tesouro.
Quantos gastos inúteis têm sido
efetuados! Quantas obras aparentemente destinadas a promoverem o bem nacional,
e que na realidade somente serviram de alimento e satisfação a interesses
particulares! (…)
Se no meio dos grandes desvarios
alguém erguia a voz para exprimir o seu temor de que fossem perniciosíssimas as
consequências deles; se alguns espíritos não concordavam que a imoralidade
pudesse produzir a verdadeira grandeza da pátria; se eles não se deixavam
deslumbrar nem com a subida dos fundos, nem com a facilidade de obter
empréstimos no mercado monetário, e diziam que todas essas prosperidades eram
ocasionais, efémeras, – as opiniões deles passavam por demasiadamente
pessimistas; e o carro triunfal dos levianos e dos especuladores continuava em
sua rápida carreira, perdidas essas vozes estranhas no vasto meio das
aclamações ruidosas”.
A história não se repete, o tempo
não volta para trás – os homens e as mulheres é que andam pouco para a frente.
Luís Fernandes
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