O
Mapa
Não é consensual, nem nunca poderá ser. Em minha opinião a configuração segundo as cinco regiões-plano é uma má decisão. Causa vivo repúdio às regiões do interior Norte e Centro, que alegam que continuarão esquecidas, já que o poder passaria de Lisboa para outra cidade que as ignoraria. O alegado ‘portocentrismo’ é uma acusação que já hoje é corrente e que tenderá a intensificar-se.
Quase certamente haverá muita gente do Minho a votar contra uma região que nominalmente tenha o Porto como cabeça. Por outro lado, transmontanos e beirões não se revêem numa regionalização em que não constituam regiões de pleno direito, e a minha simpatia pessoal está com eles. Além disso, porque razão não poderia existir uma região que correspondesse à Área Metropolitana do Porto, a que poderiam aderir os concelhos limítrofes que assim o desejassem?
Em resumo, o mapa baseado nas cinco regiões é provavelmente um ‘handicap’ para o êxito do SIM. Tenho fortes suspeitas que se trata de decisão do governo com vista a inviabilizar o resultado do referendo (não esquecer que um referendo só é vinculativo se votarem 50% +1 dos eleitores inscritos).
Penso que dada a importância do desenho do mapa, o governo já devia ter patrocinado um amplo debate destinado a auscultar opiniões que ajudassem a atingir algo que fosse o mais próximo possível de um inatingível consenso. O atual silêncio é suspeito, e uma eventual apressada discussão nas proximidades da data do referendo será um show-off inútil que apenas servirá para confirmar as suspeitas de má-fé.
A Identidade Regional
Tenho dúvidas que haja uma entidade "nortenha", mas há com certeza várias identidades sub-regionais: transmontanos, beirões, minhotos. Penso que não poderemos acrescentar durienses (no sentido de habitantes da província do Douro Litoral) mas portuenses sim, de certeza, e com uma área que extravasa em muito os limites do concelho do Porto. Manter as cinco regiões é uma maneira de fazer desaparecer estas identidades e em consequência, como já afirmei, diminuir as probabilidades de êxito do SIM, finalidade única do governo e dos políticos lisboetas.
A criação de regiões como Trás-os-Montes/Alto Douro, ou as Beiras, é por vezes combatida com o argumento de que não teriam "massa crítica". Lembro que a Espanha, país com regiões enormes, algumas com população quase igual à de Portugal, tem regiões pequenas que criou pelo mesmo motivo que defendo para nós: a existência de identidades que estariam deslocadas se fossem incluídas em regiões maiores com as quais não têm afinidade, mas a quem o governo central deu a possibilidade de se manterem elas próprias, conservando a sua individualidade. Gostaria de ver imitado em Portugal o respeito manifestado em Espanha pelo governo de Madrid. Cito alguns exemplos:
La Rioja - 301 mil hab. em 5.045km2
Cantábria - 562 mil hab. em 5.321km2
Navarra - 593 mil hab. em 10.391km2
Obs.: a Region de Murcia é o caso de uma região que foi feita de encomenda para a cidade de Murcia, tendo 1,42 milhões de habitantes. Penso que podia servir de exemplo para se pensar numa Região do Porto.
Há mais motivos, e fortíssimos, para inviabilizar a regionalização, que tenciono desenvolver brevemente.
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Rui Farinas
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Não é consensual, nem nunca poderá ser. Em minha opinião a configuração segundo as cinco regiões-plano é uma má decisão. Causa vivo repúdio às regiões do interior Norte e Centro, que alegam que continuarão esquecidas, já que o poder passaria de Lisboa para outra cidade que as ignoraria. O alegado ‘portocentrismo’ é uma acusação que já hoje é corrente e que tenderá a intensificar-se.
Quase certamente haverá muita gente do Minho a votar contra uma região que nominalmente tenha o Porto como cabeça. Por outro lado, transmontanos e beirões não se revêem numa regionalização em que não constituam regiões de pleno direito, e a minha simpatia pessoal está com eles. Além disso, porque razão não poderia existir uma região que correspondesse à Área Metropolitana do Porto, a que poderiam aderir os concelhos limítrofes que assim o desejassem?
Em resumo, o mapa baseado nas cinco regiões é provavelmente um ‘handicap’ para o êxito do SIM. Tenho fortes suspeitas que se trata de decisão do governo com vista a inviabilizar o resultado do referendo (não esquecer que um referendo só é vinculativo se votarem 50% +1 dos eleitores inscritos).
Penso que dada a importância do desenho do mapa, o governo já devia ter patrocinado um amplo debate destinado a auscultar opiniões que ajudassem a atingir algo que fosse o mais próximo possível de um inatingível consenso. O atual silêncio é suspeito, e uma eventual apressada discussão nas proximidades da data do referendo será um show-off inútil que apenas servirá para confirmar as suspeitas de má-fé.
A Identidade Regional
Tenho dúvidas que haja uma entidade "nortenha", mas há com certeza várias identidades sub-regionais: transmontanos, beirões, minhotos. Penso que não poderemos acrescentar durienses (no sentido de habitantes da província do Douro Litoral) mas portuenses sim, de certeza, e com uma área que extravasa em muito os limites do concelho do Porto. Manter as cinco regiões é uma maneira de fazer desaparecer estas identidades e em consequência, como já afirmei, diminuir as probabilidades de êxito do SIM, finalidade única do governo e dos políticos lisboetas.
A criação de regiões como Trás-os-Montes/Alto Douro, ou as Beiras, é por vezes combatida com o argumento de que não teriam "massa crítica". Lembro que a Espanha, país com regiões enormes, algumas com população quase igual à de Portugal, tem regiões pequenas que criou pelo mesmo motivo que defendo para nós: a existência de identidades que estariam deslocadas se fossem incluídas em regiões maiores com as quais não têm afinidade, mas a quem o governo central deu a possibilidade de se manterem elas próprias, conservando a sua individualidade. Gostaria de ver imitado em Portugal o respeito manifestado em Espanha pelo governo de Madrid. Cito alguns exemplos:
La Rioja - 301 mil hab. em 5.045km2
Cantábria - 562 mil hab. em 5.321km2
Navarra - 593 mil hab. em 10.391km2
Obs.: a Region de Murcia é o caso de uma região que foi feita de encomenda para a cidade de Murcia, tendo 1,42 milhões de habitantes. Penso que podia servir de exemplo para se pensar numa Região do Porto.
Há mais motivos, e fortíssimos, para inviabilizar a regionalização, que tenciono desenvolver brevemente.
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Rui Farinas
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Comentários
criacao da regiao do norte do portugal com sede maior em vila real!!! apoio inteiramente! e sou do porto!!
esta questao é abordada da prespectiva da suposta capital regional mais do que as semelhancas entre as varias localidades do pais. porto e o minho estao inteiramente ligados! nao me venham com coisas! eu sei que é chato ouvir isto para os minhotos mais ferranhos, mas é verdade!!!
porto e minho e tras os montes no maximo para o norte do portugal com capitais em pitoes da junia e em rio de onor!!!!!
seja!!!!
Portugal tem realidades diferentes no interior a norte do Tejo que têm que ser geridas por quem as conhece, nomeadamente nas regiões da Beira Interior e de Trás-os-Montes e Alto Douro.
A massa crítica não é nem pode ser critério. Se regiões mais pequenas e menos populosas como La Rioja que o autor referiu, ou os próprios Açores e a Madeira, conseguem ter massa crítica para ser regiões autónomas, porque não haveriam Trás-os-Montes e a Beira Interior de ter massa crítica para ser regiões administrativas, como outras dezenas desse tamanho e população que existem pela Europa fora?
Cumprimentos,
Infelizmente o autor deste texto não lhe vai poder responder pois faleceu há alguns meses atrás.
Cumprimentos,
O maior entrave a regionalizaçao é o Porto.
Ninguem quer Porto a mandar numa regiao norte. Nem qe acapital seja outra. O norte nao pode existir.
Minho e Tras os Montes são regioes que cumprem todos os criterios para se afirmarem e desenvolverem sem terem de estar ligados ao porto
Obrigado. O Rui Farinas apesar de muito céptico, era, realmente, um dos grandes defensores desta causa da regionalização e um frequentador assíduo deste 'blog'.
Cumprimentos