PORTO VINTAGE

Ano de 2011 a caminho de ser o da maior declaração vintage de sempre no vinho do Porto

O ano de 2011 poderá vir a ser o da maior declaração vintage de sempre no vinho do Porto, dado o carácter excepcional da produção na Região Demarcada do Douro.

Algumas companhias já avançaram com a declaração: A Sogrape declarou 2011 como ano vintage ainda em Março e várias outras empresas seguiram-lhe o exemplo em Abril e já este mês, tais como a Taylors, de David Guimaraens, a Sogevinus, o grupo Symington ou a Real Companhia Velha.

“Neste momento, devemos estar mais ou menos em cima do melhor ano nesse capítulo, que foi 2007″, em que ocorreu a maior declaração vintage até à data, disse à agência Lusa o presidente do Instituto dos Vindos do Douro e Porto (IVDP), Manuel Cabral.

Os produtores têm de enviar as suas amostras para o instituto até 15 de Junho e a Câmara dos Provadores do IVDP avalia-as, em prova cega, para determinar se o vinho possui qualidade para ser vintage.

O prazo ainda está a decorrer, mas “a probabilidade de esta ser a maior declaração universal de sempre é grande”, admitiu Manuel Cabral, confirmando, assim, o vaticínio que a Lusa ouviu a um enólogo.

A declaração formal cabe à Confraria do Vinho do Porto, que o faz quando a maior parte das empresas está em sintonia quanto a essa rara classificação, que só ocorre duas ou três vezes por década.

O século XXI só teve 2 anos vintage para já, 2007 e 2003, e o próximo vai ser 2011.

O elogio da inglesa Jancis Robinson

A influente e reconhecida crítica inglesa de vinho Jancis Robinson provou o Taylor’s Vargellas Vinha Velha Vintage 2011, do qual disse que “pode ser o melhor vinho feito em 2011 no mundo inteiro”.

“Acho que é impossível pensar em qualquer outra região de vinho, em qualquer lugar do mundo, que tenha produzido melhores vinhos nesse ano”, acrescentou, referindo-se ao Douro.

David Guimaraens, o “pai” deste Taylor’s Vargellas Vinha Velha Vintage 2011, considerou o comentário de Jancis Robinson “importantíssimo” para a sua empresa e também para a região.

O enólogo da casa Taylors sustenta que “a natureza” desempenha aqui um papel central e 2011 foi um ano “excepcional” para o vinho do Porto.

“O Inverno desse ano foi chuvoso, o que permitiu ter boas reservas subterrâneas de água para as vinhas durante o Verão, que foi quente e seco e não teve grandes oscilações de calor”, resumiu.

A família Symington, que explora marcas como a Graham’e a Dow’, por exemplo, também frisa que “o clima é o factor decisivo na criação de vinhos de exceção no Douro e a forte precipitação de inverno registada em finais de 2010 foi crucial”, tendo-se-lhe seguido “uma primavera soalheira” que se revelou benéfica.

Os Symington decidiram lançar 2  ”super-vintage” 2011: um deles é o Quinta do Vesúvio Capela, lançado pela primeira vez em 2007, e o outro chama-se Graham The Stone Terraces, é uma novidade absoluta e cada garrafa custará cerca de “130, 140 euros”, de acordo com o responsável pela comunicação do grupo, Miguel Potes.

A Sogevinus, com marcas como a Calém e a Barros, concorda que 2011 teve um clima quase perfeito para o vinho, com chuva e calor “na altura certa”.

O enólogo daquela empresa, Pedro Sá, referiu que “toda a gente percebeu que 2011 seria um ano extraordinário nos meses imediatamente após a vindima”.


Luís Sottomayor chefia a equipa de enologia de todas as marcas de vinho do Porto da Sogrape Vinhos e afirma que “já esperava” este surto de declarações vintage.

@ Lusa

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