CCDRN e a “lei” Bilhim
Os jornais já o anunciaram, mas no
site da comissão de recrutamento e seleção da administração pública nada consta
que não seja um aviso – esteja atento.
Por falecimento do titular
anterior, há que proceder à nomeação de um novo Presidente da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte.
Olhando a especificidade do cargo, pelo seu simbolismo, pela dimensão das suas responsabilidades, pelo que se exige em termos de acompanhamento das autarquias locais, este lugar deveria estar acima de qualquer circunstância concursal, deveria receber a outorga estatutária necessária para se afirmar no contexto regional, nacional e ibérico. Mas não parece ser esse o caminho!
Olhando a especificidade do cargo, pelo seu simbolismo, pela dimensão das suas responsabilidades, pelo que se exige em termos de acompanhamento das autarquias locais, este lugar deveria estar acima de qualquer circunstância concursal, deveria receber a outorga estatutária necessária para se afirmar no contexto regional, nacional e ibérico. Mas não parece ser esse o caminho!
Desde Valente de Oliveira que a
CCDRN sempre foi um centro de formação e quadros, de lançamento e divulgação de
ideias, de promoção de alianças e de definição de parcerias. Por isso, entre a
década de 80 do século passado e os primeiros anos deste século, a Comissão de
Coordenação assumiu um papel dinamizador em toda a NUT II que a fez um
verdadeiro “ministério”, apta a assessorar os governos nas políticas de cada
tempo.
É bem verdade que nos últimos anos
a CCDRN perdeu peso, destruiu respeito organizacional, fixou-se em conversa
balofa sobre a ânsia da regionalização intemperada. Mas a consagração de uma
desconcentração bem-feita, a melhoria das redes públicas e a leitura
supramunicipal só podem ser concedidas, por agora, a uma CCDR com um elevado
padrão de desempenho, que alie sensibilidade política e capacidade de gestão de
territórios, pessoas e recursos financeiros.
Parece que a ideia é transformar o
cargo de Presidente da CCDRN num dirigente restringido, semelhante a qualquer
outro diretor-geral, sujeito a uma verificação bolchevique da estrutura
pessoal, dos hábitos de alimentação e café, da regularidade do sono. A Comissão
BiIhim, que poderia ser uma bela instituição a colaborar para a qualificação
das administrações públicas, ao aceitar censurar os candidatos a postos com
esta condimentação, está a determinar a sua própria exterminação a prazo.
Deveria ser ela, por isso, a aconselhar o decisor político quanto aos cargos
que, pela sua realidade e pelas suas idiossincrasias, não careceriam de
intervenção de júri.
Ouvimos de fonte bem informada que
o critério a seguir começa com a valoração imponderada de um trilho escolar,
para se situar depois, em posição menor, nas características mais terrenas dos
opositores. Estamos certos que a Comissão Bilhim vai escolher um impecável
“leitor”, cheio de nove horas e inúmeras insígnias, mas que se acagaçará todo
quando lhe entrar pela porta dentro um autarca conhecedor que se tenha
incompatibilizado com o deixa andar do primado das regras lentas que os
carimbadores de licenças sempre consagram.
Tudo isto até poderia ser para
rir, mas o próximo quadro de fundos europeus vem aí, e o Norte já teve paragens
prolongadas que cheguem. Para uma mudança, era preciso um bulldozer do
território, coisa difícil de antecipar. Esperemos que esta questão não assuma
contornos partidários em tempo de pré-campanha autárquica. Se assim for, estará
o caldo entornado. Deus queira que o juízo nos possa nortear…
®
2013.05.20 – Ascenso Simões
Comentários