Eu estou cada vez mais farto de
Lisboa. Estes 30 anos, em vez de me aproximarem de Lisboa, afastaram-me cada
vez mais de Lisboa, porque eu vi muita coisa que eu chamo incompetência, chamo
maldade”, afirmou Alberto João Jardim.
O governante, que discursava na
58.ª edição da Feira Agropecuária do Porto Moniz, repetiu o desejo de “mais
autonomia”, desafiando os presentes: “Não temos que ter medo de andar para a
frente na conquista dos nossos direitos”.
O chefe do executivo insular
reconheceu que ao longo da sua vida política teve “arrelias com Lisboa” e com o
seu partido, o PSD: “Obviamente, existir na Madeira quem defendesse os direitos
do povo madeirense mesmo contra o seu próprio partido era incómodo para
Lisboa”.
“E todos sabem que, por várias
vezes, mesmo dentro do partido, eles lá em Lisboa mexeram-se para ver se se
viam livres de mim. Ainda não conseguiram, ainda há muita luta para fazer”,
avisou.
Alberto João Jardim abordou depois
a realidade do país que, apesar da situação a que chegou, “não há maneira de
Lisboa aprender”.
“E, pior, a própria União Europeia
também tem andado para trás e só faz asneiras que, infelizmente, o Governo de
Lisboa [de coligação PSD/CDS-PP] não sabe bater o pé”, sustentou.
O presidente do Governo Regional
apontou, depois, as “loucuras impostas por Lisboa”.
“No campo da agricultura, são
asneiras atrás de asneiras a incomodar o agricultor madeirense”, declarou,
referindo ainda o Imposto Municipal sobre Imóveis: “(…) Pensam que são tudo
prédios no meio de Lisboa e não entendem as diferenças que há em Portugal,
desde Trás-os-Montes ao Algarve e, em, especial aqui nas ilhas”.
Alberto João Jardim comentou
igualmente os cortes nas pensões e reformas: “Será que o senhor ministro do CDS
da Segurança Social não vê que quem trabalhou a vida inteira tem que ser
respeitado e não é no fim da vida que se lhe vai reduzir a pensão e a
reforma?”, questionou.
O governante criticou também o
aparecimento de “uns senhores de Bruxelas que pensam que a agricultura em toda
a União Europeia é igual” e que “os agricultores, com a sua experiência, com a
sua sabedoria de dezenas e dezenas de anos, agora têm de fazer cursos”.
“Ora, os agricultores que temos na
Madeira até dão cursos a essa gente de Bruxelas e a esses ministros de Lisboa,
porque não sabem nada do que é isto”, declarou, prometendo “pôr um certificado
nas mãos de cada agricultor”.
O responsável informou ainda ter
preparado instruções para os serviços de Finanças - “estão proibidos de com
inspeções e maçadas ir aborrecer as pessoas” – ajudar “a preencher os
requisitos que Bruxelas e Lisboa querem”.
Alberto João Jardim rejeitou ainda
a presença da GNR na região: “Não faz sentido se ver nas estradas da Madeira
uma coisa que se chama Guarda Republicana, a incomodar quem passa (…). Temos
uma boa polícia na Madeira, não precisamos de outras polícias aqui”.
@NM
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