Se há tema recorrente na oposição política portuguesa é o da
Regionalização. Recorrente porque acaba metida na gaveta sempre que a oposição
se transforma em situação.
O que não impede que, de cada vez que se aproximam eleições,
alguém remexa o velho baú das ideias que ficam bem a enfeitar programas
eleitorais, mas que não são para cumprir.
O exemplo mais recente foi o do PSD, partido que tinha no
programa eleitoral de 2011, é bom lembrar, a divisão do país em regiões. Com
uma nota de excentricidade, uma vez que a proposta era acompanhada da
explicação (a crise) para a não aplicar.
A um ano de novas eleições, e porventura para que o não
acusem de falta de ideias, António Costa, putativo primeiro-ministro, já foi ao
tal baú sacar o tema. Também ele, no entanto, lhe acrescenta uma nota de
excentricidade: desta vez propõe uma espécie de Regionalização indireta (e
envergonhada), em que um colégio eleitoral de autarcas trataria de escolher o
presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional.
É melhor que nada, suspiram os mais convictos socialistas e
regionalistas. Na verdade, é pior que nada. Não é mais do que um sinal de
desistência antecipado, semelhante ao do PSD em 2011.
Num tempo em que a cidadania exige mais participação, e em
que a tecnologia a permite, o PS propõe-se colocar uma série de eminências
pardas municipais (Apenas os presidentes de Câmara? Os deputados das
assembleias municipais? Estes todos mais os membros das juntas de freguesia?) a
servirem de intérpretes da vontade do cidadão. Se é para matar de vez a
Regionalização, é um bom caminho.
@ 03.11.2014
RAFAEL BARBOSA
JN
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