O centralismo é um crime que tem atrofiado a
capacidade das cidades e das regiões se tornarem mais competitivas.
Aquando do referendo da regionalização votei contra por não
concordar com o mapa proposto. Mais tarde, arrependi-me. Admito que, apesar de
tudo, teria sido melhor uma regionalização com o mapa errado do que uma não
regionalização. Desde aí, o Estado tornou-se mais centralista e o País cada vez
mais assimétrico.
A prometida descentralização, defendida nos programas
eleitorais dos sucessivos Governos, nunca aconteceu. Pelo contrário, o
centralismo agudizou-se. Os órgãos descentralizadores criados e existentes quase não
têm competências, quase não têm orçamento e não têm nenhum poder ou
legitimidade política. As Áreas Metropolitanas são disso exemplo e vítimas.
Mas por que razão são centralistas os sucessivos Governos?
Enunciaram demagogicamente um objetivo que não pretendem cumprir? Os sucessivos
Primeiros-Ministros desejam mal aos portugueses e pretendem promover a
desigualdade e a descoesão do território? Não acredito.
O centralismo é um crime que tem atrofiado a capacidade das
cidades e regiões se tornarem mais competitivas e, com isso, catapultarem o
País para outra dimensão económica e social. Não acredito que seja premeditado.
Acredito que tenha muito mais a ver com um reflexo condicionado.
À medida que a UE e o BCE vão captando soberania ao Estado,
os Governos tendem a roubar soberania delegada, iludindo-se com um poder fátuo,
que se desvanece perante a insensatez com que surge aos olhos dos cidadãos.
Admito que não seja altura para colocarmos em cima da mesa o
tema, que crie mais Estado entre as camadas já existentes. Mas é tempo para
priorizar a discussão acerca de uma regionalização política verdadeira, que
passe soberania para níveis políticos mais próximos do cidadão.
Numa altura em que se pretende atabalhoadamente desmantelar
setores como os das águas e dos transportes, era bom que o tema entrasse no
debate político e não se perdesse tempo em processos estéreis e nada
produtivos, que o cidadão não entende.
@RUI MOREIRA no Cm
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