A
história político-administrativa de Portugal tem assentado essencialmente, ao
longo do último século e meio, no binómio Poder Local / Poder Central.
A figura do Município tem tido, indiscutivelmente, um papel essencial na construção e desenvolvimento de um país mais moderno, e contribuído para a aproximação das populações aos seus eleitos, mas mostra-se hoje limitado para resolver questões de âmbito supra-municipal, cada vez mais presentes.
O poder central, por outro lado, mostra-se esgotado e impotente na tarefa de construção de um País social e economicamente mais justo, equilibrado e desenvolvido.
Longe de contribuir para a modernização integral e sustentável de Portugal, o modelo centralista português tem, ao invés, contribuído para a litoralização do País e consequente desertificação do Interior, que contrasta de forma gritante com a expansão e o crescimento dos centros urbanos situados na faixa litoral.
Em Portugal Continental, não existem, sequer, regiões administrativas, os distritos são meras circunscrições de representação do Estado, as províncias não têm qualquer significado na administração do território, muito embora mantenham perfeitamente vivas designações da maior profundidade histórica, como no caso do Minho e de Trás-os-Montes a Norte do Douro, ou do Alentejo e Algarve na parte meridional do país.
As áreas metropolitanas, criadas para Lisboa e Porto em 1991 (AML e AMP), não constituem excepção neste cenário de descapitalização política dos níveis intermédios e, portanto, de reforço de centralismo central.
No contexto
europeu, a situação da administração do território português é verdadeiramente
excepcional, já que conta com apenas 308 municípios, dos quais muito poucos
conheceram alterações de denominação ou de limite no último século e, em
contrapartida, não possui regiões administrativas, o que é especialmente notado
dada a forma como o Estado exerce territorialmente as suas competências,
reveladora de um forte centralismo e descoordenação espacial e entre as áreas
da governação.
Num período
em que se discute a governança e em que as dinâmicas de base territorial fazem
apelo a esforços de coordenação mais exigentes, o essencial do debate em
Portugal tem-se centrado ainda na necessidade de constituir uma escala
intermédia (intermunicipal e/ou regional),.
Territorialmente,
Portugal está muito marcado por um sistema urbano bipolar que se tem vindo a
reforçar particularmente na AML, sobretudo à custa da concentração das
instituições do Estado, das maiores empresas, unidades de investigação estatais
e comunicação social.
Esta concentração, expressiva em muitas outras dimensões é facilmente avaliada em número de residentes, verificando-se que apenas em Lisboa e Porto e nos municípios mais próximos, ou seja, em 1.19% do território nacional, residem 26.2% dos seus habitantes ou, dito de outra forma, em pouco mais de 1% do espaço nacional vivem mais de 1/4 dos habitantes de Portugal Continental.
Esta concentração, expressiva em muitas outras dimensões é facilmente avaliada em número de residentes, verificando-se que apenas em Lisboa e Porto e nos municípios mais próximos, ou seja, em 1.19% do território nacional, residem 26.2% dos seus habitantes ou, dito de outra forma, em pouco mais de 1% do espaço nacional vivem mais de 1/4 dos habitantes de Portugal Continental.
@ AAF
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