A SUSTENTAÇÃO DA ETERNA NARRATIVA DE LISBOA COMO CENTRO ABSOLUTO...


O Poder da Narrativa

Esta imagem (a cima) representa a intensidade de comunicações móveis e os movimentos pendulares dos utilizadores de telemóveis em Portugal. Quanto mais clara a cor das ligações maior a sua intensidade.

O estudo que lhe dá origem [1] é um dos componentes utilizados para determinar a geografia das duas Macrorregiões funcionais portuguesas: Noroeste e Lisboa [2][3].

Como se pode observar na mesma, Coimbra comunica e comuta principalmente com a Macrorregião do Noroeste, particularmente com a cidade de Aveiro e sua envolvência.

Tendo Leiria, uma cidade que fica a 150 km de Lisboa, sido inserida na Macrorregião de Lisboa, não se compreende que Coimbra tenha sido deixada isolada, em terra de ninguém, sem pertencer a qualquer uma das macrorregiões quando fazia todo o sentido, tendo em consideração as suas relações populacionais e económicas, que fosse inserida na Macrorregião do Noroeste.

Só encontro uma explicação para isto. A sustentação da eterna narrativa de Lisboa como centro absoluto da actividade económica e social portuguesas.
Narrativa que justifica a concentração de investimento e recursos do estado nessa região e que justifica também que a sociedade mediática considere natural que uma empresa pública como a TAP abandone o Aeroporto do Porto e se concentre exclusivamente em Lisboa.

A junção de Leiria, e também Évora, dá a Lisboa a massa crítica industrial e populacional que lhe falta, e que de outro modo não teria, para os poderes fácticos poderem afirmar a supremacia desta sobre o país. Nada de novo, portanto.

Está também na hora de deixarmos os pruridos políticos e chamar a Macrorregião do "noroeste", tal como é feito com Lisboa, pelo seu verdadeiro nome histórico: Região Portucalense - a que deu o nome ao país.

Pela imagem verifica-se também, de um modo eloquente, uma outra realidade histórica. Isto é "o reino de Portugal e dos Algarves". O Algarve é também claramente, além de uma Região natural, uma Região funcional que deverá ascender a uma autonomia nos moldes madeirenses e açoreanos o mais rapidamente possível. Portugal precisa de modernizar a sua organização territorial para moldes mais descentrados e federalistas.

por, António Alves


Comentários

AAlves disse…
Caro António Almeida Felizes, o link [1] dá erro. Este é o correcto:

http://dial.academielouvain.be/downloader/downloader.php?pid=boreal%3A117630&datastream=PDF_01
AAlves disse…
Aliás, dão todos erro. Julgo que tem a ver com o funcionamento do blogspot.