Passam este mês
20 anos sobre a realização do referendo que impediu o avanço da regionalização.
O prometido desenvolvimento regional e a ambicionada coesão nacional, mesmo sem
a instituição das novas regiões administrativas, ficaram por fazer.
Num país que
corre a diferentes velocidades, em que os atrasos estruturais de algumas
regiões são evidentes, em que o litoral está congestionado e o interior
despovoado, torna-se urgente consensualizar um novo modelo de desenvolvimento
que responda à absoluta necessidade de racionalização do Estado.
Desde 1998, além de novas vias de comunicação e redes de fibra
ótica no interior, apenas uma novidade no que toca à organização administrativa
do território: a extinção dos governos civis ou, se quisermos na prática, o fim
dos distritos criados na primeira metade do século XIX. Talvez seja tempo de
voltar a olhar para a questão sem, contudo, estar agarrado a modelos do
passado.
Não descurando
a opinião de todos aqueles que entendem que a criação das regiões
administrativas tem o propósito único de criar mais empregos para satisfazer
clientelas partidárias, a verdade é que são cada vez mais os que sentem que a
atual organização do Estado não é amiga do desenvolvimento, não estimula a
competitividade, não ajuda a corrigir assimetrias e fomenta o clientelismo.
Provavelmente
o "não" de 1998, justificado pelo perigo de "mais Estado",
daria hoje lugar a um "sim" desde que se assuma claramente a garantia
de que regionalizar será sinónimo de "melhor Estado".
É preciso é
explicar como. As premissas são conhecidas. Reformar o Estado não pode
significar mais despesa nem mais funcionários. Pelo contrário, deverá ter como
consequência uma mais eficaz utilização dos recursos disponíveis. Sabemos que
normalmente a proximidade face aos problemas reduz o tempo de decisão e o custo
da intervenção.
Nenhum território se desenvolve sem pessoas. Compete ao Estado,
que nunca devemos esquecer somos nós próprios, perceber o papel que lhe cabe
nesta função maior que é a de estimular os cidadãos e as empresas a percorrer
este caminho das pedras.
Mas sem a
tentação de intervir em tudo acabando por não permitir por ação ou omissão que
as coisas aconteçam.
É fundamental
permitir que o rasgo, a ambição, a coragem e a capacidade de inovação dos
portugueses tenha espaço e tempo para se revelar.
Os
"outros Portugais" fora de Lisboa não podem esperar mais 20 anos.
@ António Moita –
Jornal de Negócios
12 de novembro de
2018
Comentários
ALINHAR COM O PRESENTE ENVENENADO DA DESCENTRALIZAÇÃO É ACABAR DE VEZ COM O PROJECTO DA REGIONALIZAÇÃO.
ASSIM, É LEGÍTIMO CONCLUIR QUE OS QUE ACEITAREM UMA TAL PROPOSTA ,MAIS NÃO FIZERAM ATÉ HOJE DO QUE PROFERIR PALAVRAS OCAS E CHAVÕES E NUNCA ESTIVERAM VERDADEIRAMENTE INTERESSADOS NESSE DESÍGNIO.
Cumprimentos
Cumprimentos,