Os referendos realizados até hoje em Portugal, vieram pôr o acento tónico nos inconvenientes e distorções que a sua prática revela por contraposição com formas de Democracia Representativa.
Perfilam-se assim, na sua essência, as principais críticas ao referendo:
a) Os cidadãos não possuem em regra capacidade ou disponibilidade para ajuizar e escolher as soluções politicamente mais acertadas, sobretudo quando os problemas são complexos;
b) O referendo não valora a intensidade das convicções dos cidadãos;
c) As decisões referendadas não resultam de um consenso
d) O referendo põe em crise as minorias;
e) O referendo colide e enfraquece os institutos da Democracia Representativa.
Assim esboçados, vejamos agora mais em detalhe cada uma destas objecções.
A reserva à indisponibilidade ou à incapacidade dos cidadãos para optarem por via referendaria, resulta menos de uma pretensa inferioridade intelectual ou científica, e mais da ausência de tempo para ponderar os assuntos em causa. É através dos políticos profissionais, familiarizados com os problemas, e pagos para neles pensarem a tempo inteiro, que as decisões podem sair acertadas.
Por outro lado, o nível complexo de muitos problemas públicos (tratados ou adesão à UE, aprovação do texto da Lei Fundamental, a reforma administrativa, vulgo Regionalização, por exemplo), não devem ser exclusivamente deslocados para as mãos dos cidadãos, posto que, a estes será em regra difícil apreenderem com rigor das várias implicações do tema proposto.
A intensidade das opiniões, relevam muitas vezes de tal modo que, a simples soma aritmética dos votos positivos e negativos, pode conduzir a erros de cálculo graves para a estabilidade do sistema político. Um escasso número de votos, ainda que francamente minoritário, sobre certo item, pode corresponder, no entanto, a uma forte e sentida convicção de oposição, que deve ser ponderada pêlos detentores do poder político.
Através do referendo, adiantam os seus críticos, dada proposição, pode vir a prevalecer, com uma maioria pouco activa e desinformada, subestimando-se uma posição que, pela sua veemência pode traduzir mais e melhor conhecimento do problema.
Directamente relacionadas com esta questão, estão as críticas a propósito do carácter conflitual e bipolarizador dos referendos e da marginalização das minorias.
Neste contexto, o papel dos Parlamentares é mais racional.
O outro tópico, o da conflitualidade dos referendos, tem sido dos mais abundantemente glosados, a par do debate democracia directa — democracia representativa.
O referendo pondera, em regra, duas alternativas. Neste plano existem dois blocos que discutem, e no final restará um bloco triunfante e um derrotado. Todavia, dizem os argumentadores contra este mecanismo de democracia directa, as discussões democráticas não se reduzem a duas alternativas. É possível e desejável que se ponderem três ou quatro e que consensualmente se eleja a solução que de todas reuna um pouco e que concilie interesses divergentes. Como afirma ERNEST BAKER: «A discussão não é só uma batalha de ideias, é também um casamento de pensamentos».
Ora, o local indicado para a prossecução do consenso é o Parlamento e não o referendo. No primeiro é possível estudar, discutir, alterar, trocar, refazer qualquer proposição, tarefas que constituem, em boa verdade, o cerne de qualquer processo democrático. Pelas práticas referendarias, toda a estratégia da discussão passa para o segundo plano, dando lugar à simples opção entre duas alternativas.
Finalmente, existe um último argumento contra o referendo. Último no elenco que fizemos, apenas por razões de exposição, mas sem dúvida a crítica principal à globalidade dos institutos de democracia directa. Diz respeito ao enfraquecimento das instituições representativas, em particular o Parlamento, com a introdução do referendo.
A tensão que se gera entre os dois tipos de legitimidade, afirma-se, ameaça os mecanismos representativos e põe em crise o próprio sistema político.
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Perfilam-se assim, na sua essência, as principais críticas ao referendo:
a) Os cidadãos não possuem em regra capacidade ou disponibilidade para ajuizar e escolher as soluções politicamente mais acertadas, sobretudo quando os problemas são complexos;
b) O referendo não valora a intensidade das convicções dos cidadãos;
c) As decisões referendadas não resultam de um consenso
d) O referendo põe em crise as minorias;
e) O referendo colide e enfraquece os institutos da Democracia Representativa.
Assim esboçados, vejamos agora mais em detalhe cada uma destas objecções.
A reserva à indisponibilidade ou à incapacidade dos cidadãos para optarem por via referendaria, resulta menos de uma pretensa inferioridade intelectual ou científica, e mais da ausência de tempo para ponderar os assuntos em causa. É através dos políticos profissionais, familiarizados com os problemas, e pagos para neles pensarem a tempo inteiro, que as decisões podem sair acertadas.
Por outro lado, o nível complexo de muitos problemas públicos (tratados ou adesão à UE, aprovação do texto da Lei Fundamental, a reforma administrativa, vulgo Regionalização, por exemplo), não devem ser exclusivamente deslocados para as mãos dos cidadãos, posto que, a estes será em regra difícil apreenderem com rigor das várias implicações do tema proposto.
A intensidade das opiniões, relevam muitas vezes de tal modo que, a simples soma aritmética dos votos positivos e negativos, pode conduzir a erros de cálculo graves para a estabilidade do sistema político. Um escasso número de votos, ainda que francamente minoritário, sobre certo item, pode corresponder, no entanto, a uma forte e sentida convicção de oposição, que deve ser ponderada pêlos detentores do poder político.
Através do referendo, adiantam os seus críticos, dada proposição, pode vir a prevalecer, com uma maioria pouco activa e desinformada, subestimando-se uma posição que, pela sua veemência pode traduzir mais e melhor conhecimento do problema.
Directamente relacionadas com esta questão, estão as críticas a propósito do carácter conflitual e bipolarizador dos referendos e da marginalização das minorias.
Neste contexto, o papel dos Parlamentares é mais racional.
O outro tópico, o da conflitualidade dos referendos, tem sido dos mais abundantemente glosados, a par do debate democracia directa — democracia representativa.
O referendo pondera, em regra, duas alternativas. Neste plano existem dois blocos que discutem, e no final restará um bloco triunfante e um derrotado. Todavia, dizem os argumentadores contra este mecanismo de democracia directa, as discussões democráticas não se reduzem a duas alternativas. É possível e desejável que se ponderem três ou quatro e que consensualmente se eleja a solução que de todas reuna um pouco e que concilie interesses divergentes. Como afirma ERNEST BAKER: «A discussão não é só uma batalha de ideias, é também um casamento de pensamentos».
Ora, o local indicado para a prossecução do consenso é o Parlamento e não o referendo. No primeiro é possível estudar, discutir, alterar, trocar, refazer qualquer proposição, tarefas que constituem, em boa verdade, o cerne de qualquer processo democrático. Pelas práticas referendarias, toda a estratégia da discussão passa para o segundo plano, dando lugar à simples opção entre duas alternativas.
Finalmente, existe um último argumento contra o referendo. Último no elenco que fizemos, apenas por razões de exposição, mas sem dúvida a crítica principal à globalidade dos institutos de democracia directa. Diz respeito ao enfraquecimento das instituições representativas, em particular o Parlamento, com a introdução do referendo.
A tensão que se gera entre os dois tipos de legitimidade, afirma-se, ameaça os mecanismos representativos e põe em crise o próprio sistema político.
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Comentários
Doutro modo, será um fracasso.
Anónimo pró-7RA
Convem o meu amigo perceber que a Regionalização é um processo e não algo que se institui e já está.
Assim sendo, os primeiros passos foram dados através da sua consagração na Constituição da República em 1976 e posteriormente coma Lei Quadro de 1991. Com a Revisão Constitucional de 1997, por razões de ordem táctica e de cobardia política, através da inclusão da obrigatoriedade de referendo, assistimos à maior vigarice jurídica da história constitucional portuguesa e, consequentemente, a um recuo em todo o processo.
Todavia, se tudo correr bem, em 2010, instituiremos as 5 regiões administrativas, mais ou menos consensuais em termos partidários. Se esta mais valia politico-administrativa provar que realmente é instrumental para o desenvolvimento regional e para a correcção das actuais assimetrias, é provável que o processo continue a evoluir, agora no sentido do aprofundamento da autonomia das regiões.
É assim que as coisas se processam. As casas não se começam a fazer pelo telhado.
Cumprimentos,
A quem o diz! Então o senhor pensa que a exigência de esclarecimento das populações se faz de um dis para o outro? Será e deverá ser sempre um processo político de longo prazo, meu caro senhor, a atinar por todas as minhas intervenções já realizadas neste blog sobre a regionalização.
Tais posições estão alicerçadas em muito que foi analizado e não se trata de bitaites como às vezes surgem em opiniões não sustentadas por alguns frequentadores deste blog.
Por isso, o que se escreve é sempre em resposta a quem tem tido a iniciativa de intervir sobre este importante tema que será sempre um processo político de longo prazo.
Por favor, não insistam nas Regiões Administrativas, por estarem já desadequadas e desactualizadas. Sejamos ambiciosos e exigentes que é o que falta a dirigentes políticos e população e não nos preocupemos com os "trocos" que nos querem impingir.
Conheec a história do caranguejo português?
Há-de conhecê-la.
Em resumo: 7 Regiões Autónomas, criadas a partir das Regiões Naturais, bem explicadas, melhor referendadas e excelentemente implementadas.
Anónimo pró-7RA.
(5)...FIVE...CINQ...C I N C O.
1 - 2 - 3 - 4 - 5.
é o que está decidido pelo Governo..
Anónimo 4
Decidido, por que Governo? E com que critérios?
Vai levar tempo, mas chegaremos lá, com as dificuldades habituais.
Anónimo pró-7RA.
Pró 5
Anónimo 4
Anónimo pró-7RA.
Anónimo pró-7RA