DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS


METRO DO PORTO



O Metro do Porto tem cada vez mais passageiros (51,5 milhões de validações em 2008) e cada vez mais receitas operacionais (29,2 milhões de euros em 2008). No entanto, a situação financeira é cada vez pior e a empresa já entrou numa situação de falência técnica.

Tratando-se de uma empresa de transportes públicos, não se esperava que fosse lucrativa. Até porque pratica preços sociais. Mas também não parece saudável que encerre o ano com um prejuízo de 148,6 milhões. Sendo que a principal explicação para este desastre é que de um total de 246 milhões de euros de indemnizações compensatórias [a garantia de que é possível praticar preços sociais] que o Estado está a dever, chegaram apenas 11,6 milhões.

Outro número curioso é o que nos diz que, dos 123,8 milhões de euros investidos durante o ano passado (em obras ou na compra de veículos), apenas 7,4 milhões correspondem a investimento do Estado. O resto só foi possível através do endividamento bancário.

Isto ajuda a perceber porque se chegou um passivo da ordem dos 2,1 mil milhões de euros. É que o dinheiro que o Estado distribui generosamente por tudo o que é obra pública da região de Lisboa escasseia para as províncias. A importância do metro do Porto não passa a fase do discurso político. Quando é preciso distribuir verbas, há sempre uma ponte, aeroporto, auto-estrada ou até linha de metro mais importante para fazer na capital.

|JN|

Comentários

zangado disse…
A culpa não é só dos maus governantes que temos tido. Nunca percebi a maneira e razões como as linhas, seus traçados e ligações foram planificados e executados, deixando zonas importantes da cidade de fora e fazendo ligações de metro em substituição de combóios, criando uma rede gigante que dentro do Porto poucos quilómetros construiu. É, também, de muitos políticos, leia-se deputados, autarcas e outros, que não se têm imposto ao ditador Sócrates e sua equipa que, à semelhança de outros governos anteriores, só querem saber de Lisboa e arredores, Alentejo incluído e apenas prometem fazer obras no Norte e outras regiões e depois não cumprem ou só dão umas esmolas. Também a culpa é dos cidadãos: quando um político promete e não cumpre, não se esqueçam disso e não votem nele nas próximas eleições. Infelizmente temos um partido maior na oposição com dirigentes parecidos com Sócrates, portanto entre o roto e o esfarrapado que há-de o eleitor fazer? Votar num dos outros partidos mais pequenos ou criar um movimento de cidadãos e transformá-lo num partido novo nacional e regionalista, que defenda os interesses das várias zonas do país e não só sempre dos mesmos. Já agora: exigirmos uma justiça que funcione e julgue os políticos pelo que fazem e pelo que não fazem. Por que será que em Portugal os governantes não vão (regra geral) para a cadeia por governarem mal.Já era tempo e assim poderíamos dizer que vivemos numa democracia.Assim, reinam a corrupção, os interesses e o compadrio, basta ver a acumulação de riquezas de muitos políticos e seus parentes e amigos. Exemplos? Leiam jornais, ouçam rádio e televisão ou consultem a Internet. Será verdade? Não sei, para isso é que existe o Ministério Público e os Tribunais, mas, como cidadão, quero e tenho o direito de saber.
O Metro de Lisboa tem bilhetes mais baratos que o do Porto, percursos muito mais longos e rápidos dentro da cidade, tem gasto muitas centenas de milhões de euros em novas linhas, estações e material circulante.Também recebe grandes ajudas do Governo e tem elevados prejuízos.
Quando será que a maioria das pessoas do Grande Porto e do Norte, neste caso como noutros,abrirá os olhos para esta e outras realidades que, todos os dias, nos discriminam e prejudicam?
E depois ainda passamos a vida a ouvir que Portugal é pequeno, que não há diferenças entre os vários pontos do País e outras tretas para mascarar a realidade.
Cumprimentos