- Obter link
- X
- Outras aplicações
| ||
Lisboa, 11 Dez (Lusa) - O grupo parlamentar do PS vai dar início à discussão interna sobre a concretização de um referendo à regionalização ainda na presente legislatura, durante as suas jornadas parlamentares, entre segunda e quarta-feira, em Beja. Como tema central das Jornadas Parlamentares do PS, que serão encerradas quarta-feira pelo secretário-geral, José Sócrates, estará a questão do desenvolvimento regional, também na perspectiva do aproveitamento dos fundos comunitários. "A minha intenção é promover a partir do interior do grupo parlamentar do PS uma discussão séria, serena e atempada sobre o tema da regionalização. É um compromisso eleitoral do PS, consta do programa do Governo e a sua discussão deve ser feita com ponderação e com rigor", declarou o líder da bancada socialista, Francisco Assis. |
- Obter link
- X
- Outras aplicações
Comentários
A Assembleia da República arrasta-se em discussões confusas e estéries e consertações suicidas entre todos os partidos sem que se criem conjunções de centros. A Regionalização é o último acto desta Grande Confraria de Interesses que pode, seriamente, pôr em causa a democracia e a independência Nacional e desmantelar o único país antiregional da Europa. O Partido Socialista não vai discutir nada nessas tais jornadas sobre a regionalização. É pura demagogia. O que eles vão fazer é umas sessões públicas sem direito a debate, sem estudos sérios e profundos sobre o tema, sem nenhuma linha de rumo, sem nenhuma base de sustentação das suas propostas, será tudo uma mentira chapada, porque tudo está inquinado, dominado por negociatas partidárias. O que o PS vai fazer é uma manobra de diversão de agenda política, oferecendo aos tais "cheveaux-légers" , bandos desesperados à solta, uma "missão épica" a troco de.... O PS devia ter vergonha de se pôr nos bicos dos pés sobre uma questão que irá criar o maior perigo de sempre para desmantelar uma nação a partir de dentro.
José Sócrates, PS e o Governo, acossados por uma oposição cujos partidos no seu conjunto votam as mesmas propostas em que cada um deposita nelas pensamentos e esperanças contrárias de outros tempos, mesmo antagónicas, desajustados do pão dos nossos dias, numa jogada estratégica que não irão dominar; o mais certo é enfeicharem-se gravemente no despiste já iniciado. De facto, cada partido deposita também nesta questão da regionalização, pensamentos e esperanças contrárias e antagónicas de outros tempos e em relação aos tempos de hoje.
É preciso desviar as atenções do que está aí para rebentar a curto prazo: estagnação salarial, redução salarial que vai atingir os interesses dos que se opõem a qualquer reforma (na adm. pública em geral), desemprego que pode aproximar-se do milhão, aumento impostos. Culpados? O Sistema partidário no seu conjunto e não este ou aquele partido. São todos culpados.
Peçam ao sistema partidário que faça um relatório público das ilicitudes das práticas dos seus dirigentes de topo e intermédios, e do seu funcionamento em geral. Seria um escândalo público.
Até o mais novo partido da Assembleia da República (Bloco de Esquerda) dá, sobre isto, um requintado exemplo: elegeu um chefe de bancada de qualidade, segundo por aí se afirma, e faz figura de corpo presente na AR. Mete dó!... Só falam os chefes dos seus bandos épicos.
"cheveaux-légers"
deve ler-se
"CHEVAUX-légers"
A Regionalização teve o dom de unir nações que estavam em perigo de se extinguirem e mergulharem em guerras civis quase separatistas:
Espanha, Suíça, Itália, e tantas outras, hoje já não existiriam se não fossem regionalizadas.
Mesmo a Madeira e os Açores, se não fossem autónomos, já tinham certamente declarado independência há décadas.
Acha mesmo que em Portugal Continental a regionalização iria "desmantelar o país"?
Pense bem: seríamos caso único no Mundo, provavelmente, ao dizer que a Regionalização põe em perigo a unidade nacional. Será que o templario está a ver o Algarve ou Trás-os-Montes a declarar independência? Isso é um receio completamente infundado.
Assim como não é verdade que Portugal seja um país anti-regional. Se der uma vista de olhos pelos livros dos geógrafos portugueses, vê o que eles acham sobre o assunto. Aconselho especialmente Amorim Girão, e a sua obra "Geografia de Portugal".
Essa posição de "orgulhosamente sós" que o caro templario apregoa, já nós a assumimos há muitas décadas. E não tem dado bom resultado...
Portugal tem um problema crónico de subdesenvolvimento que é mais regional que nacional. Hoje, as regiões de Portugal parecem a sociedade do Antigo Egipto, uma pirâmide com as classes de tal maneira vincada, onde se distinguem claramente os beneficiados e os desfavorecidos, em termos regionais, com o facto de Portugal estar "orgulhosamente só" na defesa do centralismo. A tal pirâmide, metáfora da distribuição do investimento e da riqueza nacional, tem contornos óbvios:
Lisboa
P o r t o
Restante Litoral
Regiões do Interior
Tal como na sociedade egípcia, no actual estado de centralismo a progressão entre classes é muito difícil: as regiões do Interior não conseguem atingir os níveis de desenvolvimento do Litoral, este não consegue atingir os níveis de desenvolvimento das áreas metropolitanas, o Porto está estagnado, e Lisboa cada vez mais se afirma no topo da pirâmide, claramente beneficiada com a situação em questão, e com ajudas europeias que, embora sejam destinadas aos países da "base da pirâmide" (que necessitam deles para melhorar linhas ferroviárias e estradas, construir hospitais e universidades, promover o turismo, a indústria e a agricultura), são na realidade entregues ao seu topo (quer através de mega-investimentos como a 3ª travessia do Tejo, o aeroporto de Alcochete ou a 3ª auto-estrada Lisboa-Porto, quer através de investimentos localizados como a Frente Ribeirinha de Lisboa, a expansão do metro de Lisboa, ou as sucessivas candidaturas da capital a tudo o que é evento internacional).
É esta a situação que temos em Portugal. É com ela que queremos continuar, no futuro?
É que, se a resposta for afirmativa, estou muito preocupado com o futuro da minha, da nossa pátria. Portugal tem de se desencravar deste subdesenvolvimento para ter credibilidade e atractividade perante a Europa e o Mundo. E só o conseguirá se resolver os seus problemas estruturais. E o maior problema estrutural de Portugal é, sem dúvida, a existência de enormes assimetrias regionais, da tal "pirâmide", porque a existência destes problemas é a causa para a maioria dos outros.
Se estes problemas se prolongarem por muito tempo, aí sim, temos a nossa unidade nacional em perigo, pois cada vez mais portugueses defenderão a anexação por Espanha, e cada vez mais pessoas, particularmente do norte do país, defenderão o rompimento das relações com Lisboa para se ligarem a uma Galiza bem mais desenvolvida que a maioria das regiões de Portugal. Porque podemos dar como certo que as pessoas, por muito que sejam patriotas, e tenho a certeza que o são, preferem ver o desenvolvimento chegar e ter os seus impostos aplicados em seu proveito, do que continuar passivamente a ver o trabalho que têm, o dinheiro que entregam ao Estado, ser utilizado em proveito de outros.
De uma coisa estou certo: não é isto que quero para a minha pátria, Portugal.
Agradeço seu comentário. Os pontos que toca exigem uma resposta muito alargada e como para mim, escrever é um sacrifício, deixo para outra altura.
Apenas três notas:
-Diz que a regionalização serviu para unir nações e diz muito bem. Pergunto: a que nação quer unir Portugal ou quais são as nações que a sua regionalização vai unir?
-Para não ficarmos "orgulhosamente sós", diz também: desculpe mas não joga a bota com a perdigota.
-Com todo o respeito, até porque na globosfera o tenho como o mais sincero regionalista, o que lhe deu para remontar à antiga civilização Egípcia? Percebo e aplaudo o seu esforço de pesquisa na História, mesmo nas civilizações clássicas de há 3, 4, 5 mil anos, quando - e tome isto como uma brincadeira, apenas isso - as galinhas ainda tinham dentes...
Se seguisse por aí, ripostava-lhe com a Grécia Clássica de há 2.500 anos, berço da nossa cultura, com as suas cidades-estados; e aí sim, eram factores geográficos, físicos onde talvez os geógrafos (da geografia física) que leu, deviam, então, ir beber. Mas aí, curiosamente, foi a cultura, nomeadamente a filosofia, e a língua, por exemplo, que os uniu, mesmo contra os seus deuses oficiais (das cidades-estados). Não se esqueça que há outro género de geógrafos, os da geografia humana, e também temos hoje as contribuições da sociologia e de uma nova aborgagem da História por parte dos historiadores. E não esqueça que acerca do conceito de "Região" num país como o nosso, se pode perder se se cingir apenas à Geografia Física.
Fico-me por aqui. Tenho que ir ver o Benfica, já que o Sporting perdeu, graças a deus.... - ...que sou do Benfica, que não é regionalista, como o Porto, antes um símbolo de cultura e unidade nacional que também une este nosso Portugal único e indivisível, uma só língua, um só povo - há quase mil anos!!!
Um abraço.
Em relação aos três pontos que citou:
-Portugal, obviamente, não se vai unir a nação nenhuma. A regionalização, como reforma que permitiu inclusive manter unidas nações que estiveram à beira da fragmentação, vai, isso sim, ser indispensável para manter a unidade do nosso país, face aos problemas e ao descrédito crescente que infelizmente enfrenta.
-O facto de estarmos "orgulhosamente sós" na defesa do centralismo é facilmente perceptível: o único país da Europa Ocidental que se mantém centralista é, ao mesmo tempo, aquele cujas situação económica e social é pior: este facto é, em grande parte, resultado de uma má organização do país, que torna a crise de Portugal mais regional que nacional. É aí que entra a regionalização como reforma indispensável para resolver este problema.
-Antes de mais, obrigado pelo elogio. Não precisei de uma pesquisa histórica para falar nos egípcios, uma vez que o que aprendi na escola pública chega e sobra para me sentir preparado para referir o assunto. Apesar de ter passado tanto tempo sobre o apogeu e a queda da civilização egípcia, coisas há que não mudaram ao longo do tempo. E, utilizando obviamente a pirâmide social do Antigo Egipto e das sociedades clássicas como metáfora, e aplicando-a à realidade regional portuguesa, esta assenta que nem uma luva na profunda estratificação regional em que o nosso país cada vez mais se vê mergulhado.
Quanto à Grécia Antiga, como diz e muito bem, apesar de as suas cidades-estado gozarem de ampla autonomia, havia uma identidade a uni-las. O mesmo aconteceria em Portugal, que é um país com uma identidade e cultura forte, mas com variações regionais, e que só ganharia no reforço do mosaico cultural que compõe a identidade portuguesa (porque a cultura portuguesa, ao contrário do que o nosso país promove no estrangeiro, não se esgota no fado de Lisboa nem nos pastéis de Belém: é também o fado de Coimbra, o folclore desde o Minho ao Algarve, os caretos transmontanos, a capeia arraiana, e outras tradições tantas vezes esquecidas por estarem longe de Lisboa). Queremos a regionalização, porque todos nos queremos sentir portugueses, sem sermos rotulados de "provincianos", que é como somos tratados. E, tal como a Grécia Antiga, Portugal também estará unido se se respeitar as diferenças, o espaço e os direitos de cada região. Se acontecer o contrário, que é para o que caminhamos pelo centralismo, é que a unidade nacional fica em perigo...
Cumprimentos,
Esqueci-me de falar na questão dos geógrafos. Apresentei aqui uma perspectiva baseada na Geografia Física, mas a Geografia Humana e os seus estudiosos têm, também, na sua maioria, uma perspectiva regional para Portugal, e dados que apoiam a regionalização. O próprio Amorim Girão apoiou-se não só na Geografia Física, mas também na Geografia Humana para as regiões que propôs e tão bem caracterizou.
Cumprimentos,
Vou copiar e guardar para quando passar por Terras de Bouro ou Lages das Flores, explicar àquelas gentes, a razão da regionalização.
Coisa linda!!!...
Espero e desejo que o Francisco Assis, a Elisa Ferreira, o Luis Filipe Menezes e o Mendes Bota, não deixem de ler.
Pensar assim é desrespeitar a democracia.
Essa de chamar parolos aos meus amigos de Terras de Bouro e Lages das Flores, ofende-me.
Mas nós estamos habituados.
Claro que eu também sou parolo. Pelo menos, tanto como eles.
Mas eles sabem que eu falo com as elites citadinas e questionam-me.
E eu não me faço rogado, respondo.
A eles e a muitos outros por esse país fora, desde a Fajã de Baixo a Tentúgal. De Porto Moniz a Cabanas de Tavira...
E vou continuar...
Manuel Amaro