Assim vai o Centralismo !

O Estado precisa de dieta

São estas as contas: os gestores públicos em Portugal cresceram de 377 para 448 entre 2007 e 2009 e os encargos com as respectivas remunerações aumentaram 19,4%, representando 32 milhões de euros no ano passado. O número de empresas públicas cresceu 20% nos últimos três anos - uma evolução notável quando comparada com o ritmo de crescimento da economia.

O facto de a maioria dos hospitais ter sido transformada em empresas públicas explica, em parte, o fenómeno. Mas a verdade é que surgiram ainda mais empresas públicas pela mão do Estado, enquanto outras, de utilidade duvidosa, subsistiram sem razão nenhuma.

Foi criada a empresa SIEV para uma matrícula electrónica que não existe (ainda). E manteve-se uma empresa de promoção imobiliária e requalificação urbana, a Parque Expo, que é um desastre: a Inspecção-Geral de Finanças detectou que os seus administradores receberam, desde o ano 2000, uma gratificação mensal ilegítima que, no final de 2008, ascendia a 1,438 milhões de euros.

Mais: além de condições remuneratórias e regalias sociais acima da média dos administradores, houve a prática de participações minoritárias em empresas que revendiam o património alienado pela Parque Expo - impossibilitando que os encaixes finais fossem mais elevados. Como se a Parque Expo não fosse um monstro disfuncional, criou-se outra empresa pública para promoção imobiliária e requalificação urbana chamada Arco Ribeirinho Sul. O que separa as duas? O rio Tejo. Ainda em Lisboa, e porque a câmara também precisa de um instrumento para o sector imobiliário, adiou-se a morte da EPUL: um exemplo municipal da doença nacional.

As empresas do regime são criadas por decreto com a maior das facilidades. Mas extingui-las é um calvário. Em 2005, o Tribunal de Contas constatou que o tempo médio de liquidação das sociedades públicas ascendia a sete anos, ou seja, mais do dobro do prazo previsto pelo Código das Sociedades Comerciais - que é de três anos. A liquidação da Sociedade Nacional dos Armadores da Pesca do Arrasto, SA, demorou 18 anos. E a Empresa Pública do Jornal "O Século" esteve 24 anos aninhos à espera do funeral. É este o mal do país e das finanças públicas? Claro que não. Mas é um sintoma.

O Estado é tão obeso que, para combater a sua própria gordura, paradoxalmente engorda ainda mais. Os projectos PIN são uma forma de contornar o labirinto da burocracia e a rigidez das leis. Na AICEP existem hoje funcionários que são "gestores de clientes" e cuja função é ajudar os privados a obter as autorizações estatais para concretizar os seus projectos. O que significa isto?

Uma duplicação de funções inaceitável do Estado, que leva ao despesismo com os dinheiros públicos. E que, na verdade, torna o Estado fraco. Se o Estado fizer uma dieta rigorosa pode poupar dinheiro e aliviar a carga fiscal sobre as pessoas.

Com dieta, o Estado pode tornar-se forte - coisa que hoje não é. E se for forte e competitivo não precisa de devorar metade do PIB. Nem de manter um regime fiscal que o impede de receber 510 milhões de euros quando a PT vende a Vivo à Telefónica.

|Portugal News|
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Comentários

Anónimo disse…
Caros Regionalistas,
Caros Centralistas,
Caros Municipalistas,

Este tema da intervenção do Estado na economia dá pano para mangas, não pela sempre controversa função específica das organizações públicas, empresariais e não empresariais, como também pelo permanente assanhamento do privado em relação ao público. A informação do texto inserido neste blogue não é reveladora de eficácia nem de eficiência estatal na organização fo funcionamento da economia, mas a manutenção do actual estado de coisas no privado, por muitas queixas que apresentam em relação à coisa pública, esteve, está e estará a proporcionar chorudosíssimos lucros a quem muito se queixa. É que "quem não chora não mama" e aqui é que o poder político não quer intervir para pôr ordem nas coisas, tanto públicas como privadas, e demonstra o mais elevado índice de incompetência política nunca antes visto.
Por exemplo, em qualquer organização que se preze de o ser (não se está a referir às portuguesas), a não prossecução dos objectivos costuma determinar despedimento ou mudança de funções, para evitar prejuizos maiores. Considerando a realidade portuguesa, assiste-se a espectáculos degradantes na defesa de tudo menos do que deve implicar o cumprimento primeiro do bem público, acompanhados de desperdício profundo de recursos do Estado de impossível recuperação ou sequer regeneração. E isto é uma falta de respeito primária pelo que existe de mais soberano numa sociedade: o BEM PÚBLICO como fruto do desenvolvimento económico, social, cultural e tradicional, falta de respeito que deveria fazer envergonhar quem o faz e que deveria ser proibido de aparecer em locais públicos caso se recusasse a fazê-lo voluntariamente.
Depois, quando numa sociedade alguns dos seus membros se entretêem a lançar fogo às florestas por irresponsabilidade e/ou vingança, apaparicados por notícias espampanantes na comunicação quase como se fossem heróis, está tudo dito e visto entre outras desgraças e manifestações de exibicionismo balofo.
Será que por tudo isto que se está a passar, há demasiado tempo, é possível enveredar por um solução de regionalização apnas suportada pelas Regiões Auónomas? Não será dar "pérolas a porcos"?
Caro Templário, não se apresse a concluir que este meu texto é um sinal de desistência da solução regionalista e autonómica de desenvolvimento, é antes um sinal de desistência desta sociedade medíocre, hipócrita, bacoca, egoista e sobretudo "videirinha" ( a tal do passo miudinho no passeio da rua, apetrechada de guarda-chuva, aplacada de sobretudo comprido escuro, a olhar desconfiada para todos os lados sobretudo de onde lhe possa surgir dinheiro, mais beata e intriguista que religiosa, especialista no "assim, assim", no "vai-se andando", no "mais ou menos", no "espírito santo de orelha", no "escolhido à margem e segurança" e por aí adiante.

Sem mais nem menos.

Anónimo pró-7RA. (sempre com ponto final)