Os galegos são escudo do Minho

|Costa Guimarães|

Cada vez mais é preciso ler os jornais espanhóis para saber que se passa em nossa casa. Estranho mas é verdade. A nossa comunicação social silenciou o acordo entre o Governo Português e a Junta da Galiza acerca dos meios de pagamento das portagens na A 28, entre Porto e Viana do Castelo, com passagem por Vila do Conde, Povoa de Varzim e Esposende.

Agora, os dispositivos de pagamento das portagens podem adquirir-se este mês, sem multas para os galegos enquanto os galegos concordam em desenvolver as vias de pagamento por internet ou nas gasolineiras para unificar os sistemas em toda a Península.

A compra dos dispositivos pode ser feita em Espanha através das agências da Caixa Geral de Depósitos — destaca o acordo celebrado entre o secretário de Estado Paulo Campos e o Conselheiro de Meio Ambiente e Infraestruturas da Junta da Galiza, Agustín Hernández celebrado em Viana do Castelo.

O encontro foi apadrinhado pelas associações empresariais de ambos os lados. O Governo português cedeu na obrigatoriedade de um pagamento mínimo de 50 euros.

O saldo que não for consumido é devolvido ao utente enquanto os galegos aceitaram a extensão da Via Verde até ao seu território. A alternativa à Caixa Geral de Depósitos é a compra do dispositivo nos CTT ou estações de serviço.

A médio prazo, os dois governos querem convergir nos sistemas electrónicos de cobrança das portagens de modo que o sistema possa funcionar em toda a Península Ibérica.

Com este acordo celebrado em Viana do Castelo colocou-se um ponto final na discriminação entre um galego e um português ou espanhol.

Com este acordo na Princesa do Lima cumpriu-se o Tratado de Lisboa de uniformizar os sistemas de pagamento dos serviços em todos os Estados.

É pena que os Governos de Madrid — no caso da Galiza — e de Lisboa — no caso do Minho Litoral — tenham contribuído para esta desigualdade entre os cidadãos dentro dos seus países numa Europa que não se deseja a várias velocidades.

É que, também em Madrid, os interesses dos galegos não foram valorizados como inquietações de Espanha, sacudindo a água do capote para cima da Autonomia.

Em Portugal, o Governo de Lisboa — sem o capote da autonomia — continua a sacudir para cima dos minhotos o estigma da desigualdade e da discriminação, antecipando o pagamento nas SCUT, face ao resto do país, fixando preços obscenos por quilómetro de auto-estrada e obrigando a um sistema de pagamento que é diferente do resto do país. Até quando, vamos continuar amorfos e resignados? Da outra margem do Minho não se calam... é o que nos vai valendo.
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Comentários

António Santos disse…
A comunicação social que silenciou o acordo, tão importante para o a região vítima das portagens, não é nossa, como se afirma na crónica. É "lejboeta", e foi exactamente por isso que não o noticiou. Porque é um acordo que que não aquece nem arrefece os pequenos interesses da mentalidade de poder "lejboeta". É um acordo que serve "a Província", epíteto pelo qual os provincianos sentados na cadeira do poder centralista (e esta definição abarca o poder político, o financeiro e o mediático) tratam este pobre país, à custa do qual vivem. Até um dia.
Caro Antonio Santos,

A propósito do 'centralismo' da nossa comunicação social, se ainda não leu, sugiro-lhe este post, aqui no Regionalização


O Centralismo de Lisboa no Telejornal da RTP

Cumprimentos,